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BCI
sexta-feira, 13 agosto 2021 03:03

Direcção-Geral do SERNIC agastada com envolvimento de agentes no crime organizado

“Temos situações gravíssimas de desvio comportamental no nosso seio. Em alguns círculos, somos tidos como actores do crime, nós que juramos combater o crime. Infelizmente, temos no nosso seio colegas que o seu dia-a-dia (…) praticam acções reprováveis”, assim começava Domingos Jofane, Director-Geral do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), numa reunião que teve lugar, há dias, na Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), no distrito de Marracuene, província de Maputo.

 

Jofane disse: “alguns, quando correm para uma informação operativa, não fazem para combater o crime, fazem num contexto para substituir os criminosos. Fazem apreensão de drogas e eles próprios vão vender a droga. É possível isso, numa organização como esta nossa? Que o legislador e a direcção do Estado deste país entenderam dar autonomia em função das responsabilidades que cabem a este órgão (…) e este órgão simplesmente desvia-se do seu rumo”.

 

Prosseguindo, o Director-Geral do SERNIC disse que, hoje, para actuarem, os bandidos fazem sob protecção de colegas nossos. “Nossos colegas vigiam os nossos movimentos para facilitar a ocorrência de casos criminais (…), mas nós assistimos isso (…) até batemos palmas. Desde quando um criminoso é esperto? Ou seja, quando é nosso colega, já não é criminoso, é esperto?”, questionou Jofane, tendo depois dito que não existe ninguém acima da Lei.

 

Acrescentando, Domingos Jofane criticou o facto de alguns agentes aproveitarem-se dos cargos de nomeação para envolverem-se com o mundo do crime organizado e, consequentemente, enriquecerem ilicitamente. “Hoje em dia temos raptos. Alguns destes raptos envolvem os nossos colegas. Eles dão cobertura aos raptores. Com instrumentos que o Estado nos dá, alguns usam para facilitar os raptores, porque depois do pagamento do resgate, eles terão a sua parte, ou seja, recebem valores oriundos do sofrimento de famílias e pessoas que devemos defender”, atacou Jofane.

 

No encontro em que se debateu a vida interna do SERNIC, Domingos Jofane disse que devem acabar estas práticas de corrupção, na instituição, de envolvimento nos raptos e no crime organizado. Garantiu que já não vai tolerar situações de género. (O.O.)

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