Quando passam 11 dias desde que a vila-sede do distrito de Palma, no norte da província de Cabo Delgado, foi invadida pelos terroristas, ainda há famílias que tentam localizar os seus parentes. Diariamente, centenas de pessoas lotam o Porto e o Aeroporto de Pemba e o Centro provisório dos deslocados de Palma com o objectivo de localizar os seus familiares ou mesmo obter informações em relação ao paradeiro destes.

Dorteia Marcelino é uma das pessoas que todos os dias escala aqueles pontos com o objectivo de localizar suas irmãs, que se encontravam em Palma no dia do ataque. Ela é natural daquele distrito e vivia naquela vila, porém, terá se deslocado para a cidade de Pemba, com a finalidade de realizar um curso na área de saúde.

À nossa reportagem, Dorteia conta que há 10 dias que tenta estabelecer uma ligação telefónica com as irmãs, mas sem sucesso, assim como tenta localizá-las nos pontos de chegada dos deslocados, mas o resultado é o mesmo. “Todas as pessoas a quem pergunto dizem que não as viram, mas vou aguardando a chegada do outro navio, porque dizem que há muita gente em Afungi”, afirmou, contendo as lágrimas que caiam.

Outro cidadão que não aceitou se identificar disse à nossa reportagem estar desesperado por ainda não ter conseguido localizar o seu filho. Disse não saber se o mesmo está ou não vivo e se estará no grupo dos evacuados para a Península de Afungi ou não.

Aliás, para além dos evacuados para Afungi e, posteriormente, para a cidade Pemba, há cidadãos que se refugiaram na vizinha República da Tanzânia e que foram repatriados para Moçambique, através da fronteira de Negomano, no distrito de Mueda. Entre os repatriados da Tanzânia está o primo de Momade Ussene, motorista de uma ONG (Organização Não-Governamental) e que, neste momento, está na cidade de Pemba.

Relatos que nos chegam de várias fontes apontam para uma vila de Palma deserta, devido ao ataque verificado no passado dia 24 de Março. (Carta)