Depois da notícia veiculada pela “Carta” sobre a existência de casos positivos do novo coronavírus nas penitenciárias nacionais, o Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP) convocou, na última sexta-feira, uma conferência de imprensa para não só confirmar, mas também informar o diagnóstico, só neste ano, de 70 casos positivos do novo coronavírus nas penitenciárias nacionais.
Segundo a Directora Nacional do Serviço de Cuidados Sanitários, no SERNAP, Cremilde Anli, dos 70 que já testaram positivo, 60 são funcionários e 10 são reclusos, sendo que, neste momento, apenas oito casos continuam activos: cinco no Estabelecimento Penitenciário Provincial de Maputo (EPPM), dois no Estabelecimento de Máxima Segurança da Machava (vulgo B.O.) e um no Estabelecimento Penitenciário Provincial de Inhambane.
De acordo com a fonte, neste período (de 01 de Janeiro a 18 de Fevereiro), houve registo de uma vítima mortal, tendo sido notificada a morte de um recluso. Aliás, o SERNAP revela estar a registar casos positivos da Covid-19 desde Agosto de 2020, sendo que, até 31 de Dezembro, houve registo de 29 casos, porém, sem óbitos.
Entretanto, Anli assegurou que tudo está sendo feito para que o vírus não se propague pelas penitenciárias, pelo que, diariamente, há actividades de protecção e isolamento dos infectados.
Os dados vieram contrariar o vice-Ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Filimão Suaze, que disse não haver, até princípios de Fevereiro, infecções por novo coronavírus no sistema penitenciário.
Mais da metade dos reclusos dorme no chão
É quase a confirmação do que já era previsto. A superlotação das cadeias deixa milhares de reclusos a passar longas noite no chão. Esta sexta-feira, a Directora Nacional do Serviço de Cuidados Sanitários no SERNAP avançou que 11 mil detentos não têm camas para dormir, de um universo de 19 mil, sendo que as detenções efectuadas nos últimos meses têm agudizado o problema.
“O sistema penitenciário conta com 19 mil reclusos para apenas oito mil camas. De 01 de Janeiro a 18 de Fevereiro deram entrada, nos nossos estabelecimentos, mais de três mil detidos, grande parte em resultado das detenções originadas pela desobediência ao recolher obrigatório na região do Grande Maputo”, disse a fonte.
Fontes da “Carta” asseguram que na ex-Cadeia Central de Maputo, por exemplo, há reclusos que passam as noites nos corredores, sendo que o isolamento dos casos positivos não obedece às mínimas regras recomendadas pelas autoridades sanitárias. (O.O.)