Benigna Matsinhe afirmou que os laboratórios do Sistema Nacional de Saúde (SNS) realizam mil testes de covid-19 por dia, um número até agora suficiente, tendo em conta a capacidade de recolha de amostras instalada nas unidades de saúde do país e os critérios impostos para a realização de diagnóstico laboratorial.
Matsinhe avançou que apenas utentes com "sintomas típicos" de infeção pelo novo coronavírus é que devem dar a sua amostra para análises, quando se dirigem às unidades de saúde do SNS, sendo os casos assintomáticos rejeitados, o que cria "a sensação de falta de testes".
"O momento de pânico e ansiedade que o país e o mundo vivem devido à covid-19 leva muitas pessoas a procurar fazer testes sem terem sintomas típicos. Quando lhes é negada a realização, fica-se com a sensação de que há falta de testes", enfatizou Benigna Matsinhe.
Por outro lado, atrasos na entrega dos resultados também criam essa perceção, acrescentou.
"O percurso e o tempo entre a recolha de amostras nas unidades de saúde e o seu encaminhamento para os laboratórios podem levar as pessoas a pensar que temos problemas", sublinhou.
Nos próximos dias, continuou, vão chegar ao país um milhão de testes de covid-19, para reforçar o material já disponível.
Na semana passada, o Observatório do Cidadão para a Saúde (OCS), uma organização não-governamental moçambicana (ONG), referiu que há falta de testes de covid-19 nos hospitais de Maputo e que apenas pessoas com sintomas graves são sujeitas a rastreio.
A constatação resulta de um inquérito que o OCS diz ter realizado nas principais unidades de Maputo.
"As entidades de saúde optam por testar os pacientes que apresentam sintomas graves da doença, o que significa que há pessoas que voltam para casa sem efetuar o teste, mesmo após solicitarem o diagnóstico", refere um resumo da pesquisa que o OCS divulgou.
Moçambique tem um total acumulado de 415 mortes e 41.433 casos, dos quais 62% recuperados.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.253.813 mortos resultantes de mais de 103,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 13.257 pessoas dos 740.944 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.(Lusa)