Sou médico do serviço nacional de saúde e não me identifico por medo de represálias. Venho por este meio alertar sobre a situação catastrófica na gestão da nossa Saúde, um facto que dura há muitos e muitos anos. A pandemia veio apenas trazer ao de cima o que já era por demais evidente.
A quando da implementação do Estado de emergência em Abril de 2020 disseram nos as autoridades que se tratava de uma medida provisória para preparar as unidades sanitárias. Desde então para cá simplesmente nada aconteceu, a não ser a correria dos últimos dias. Na verdade o que se passa é que ao longo de 10 meses o nosso SNS continuou , como sempre, votado ao abandono. Nem a pandemia acordou quem de direito.
De Abril a Dezembro nós o pessoal de Saúde continuamos sem equipamento de protecção suficiente (nem de perto), não se aprovisionaram camas, não se organizou o fornecimento de oxigénio e toda a infra estrutura necessária quando se enfrenta um pandemia. As previsões iniciais das próprias autoridades eram muito maiores ao que aconteceu e mesmo do que está acontecer agora, mas nem por isso se fez qualquer preparação. Agora que as classes privilegiadas estão assustadas andam a correr.
Durante estes meses vimos o estado continuar esbanjando em carros de luxo, Mahindras policiais, aquisições milionárias, ajustes directos de somas chocantes. Aconselhado por pessoas em pânico, os governantes fecham a economia, lançam seus cidadãos à fome e desemprego alegando a pandemia. Durante os mesmos meses mantiveram sua ostentação sem qualquer pudor. Basta ver as festas que organizaram com preços de entradas escandalosas. Basta ver quantos dirigentes tem escoltas, absorvendo elevados consumos em viaturas, motoristas, policias, guarda costas, protocolos etc. Não investiram na preparação dos hospitais mas mantêm se escandalosamente com seus privilégios.
As medidas que tomaram afectam sobretudo os mais pobres aumentando o desemprego e a falta de rendimento. Os funcionários do Estado ficam em casa e o seu salário continua a ser pago por inteiro e inclusive o 13º mês. Ao cidadão comum retiram-se os produtos das formas mais escandalosas. Condenam se as pequenas e médias empresas à falência condenando asism seus empregados ao desemprego.
Alguém tem que acordar. O Pais precisa é de ter um bom atendimento aos 1% dos afectados que precisam. O pânico instalado só pode ser justificado porque não estamos preparados para a medida mais importante: ter uma sistema de atendimento hospitalar preparado. Podemos e devemos reduzir a velocidade mas não podemos de forma nenhuma evitar que o vírus se espalhe. E todo esse pânico só faz piorar as coisas. O pânico piora o estado de saúde das pessoas e não cria condições. O cuidado sim. E o cuidado tem de ser equilibrado.
Os profissionais de saúde não exigem nenhum “lock down” como escreveram por aí. Os profissionais de saúde estão e têm de estar no seu posto mas precisam de condições de segurança para si e para os pacientes. Querem condições para tratar seus pacientes uma condição a que estamos obrigados pelo Juramento que prestámos.
Parem de matar o país. Vendam vossas mansões de luxo, carros em quantidades completamente desnecessárias. Deixem de organizar seminários e reuniões em estancias turisticas e deixem de atormentar quem vai para a rua porque tem de sobreviver. Apetrechem os hospitais o imediatamente com condições para fazer face ao inevitável. E Sr Presidente, basei suas decisões na ciência e ponderação, não pânico que isso nunca levou ao sucesso. Deixem de parecer soldados em pânico que disparam para todo o lado sem critério que acabam acertando em todos e só piorando o resultado. Sejamos racionais.
Um Médico em serviço