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quinta-feira, 28 janeiro 2021 09:12

Vítimas da lixeira de Hulene dizem estar esquecidas pelo Governo

As famílias que perderam as suas casas, bens e ente-queridos, no bairro do Hulene, arredores da capital moçambicana, na sequência do deslizamento do lixo, na Lixeira localizada no mesmo bairro, facto ocorrido no dia 17 de Fevereiro de 2018, queixam-se da morosidade no processo de reassentamento e da falta de comunicação por parte da Edilidade da Cidade de Maputo, pelo que se sentem esquecidas pelo Governo de Filipe Jacinto Nyusi.

 

O desagrado foi manifestado esta quarta-feira, em Maputo, num encontro organizado pela Comissão dos Afectados, chefiada por António Massingue, uma das vítimas da tragédia de Hulene.

 

“O que nos fez convocar a imprensa é o facto de, aparentemente, estarmos esquecidos, estarmos a ser deixados para trás e ninguém mais fala de nós, inclusive a imprensa. Na altura do desabamento, foi uma notícia que abalou a todos, mas quanto mais o tempo passa ninguém diz nada”, começou por dizer Massingue.

 

Segundo o Chefe da Comissão dos Afectados pelo deslizamento do lixo, no mais antigo aterro sanitário do país, no início do processo, o grupo sentia-se valorizado, pois, mantinha uma sã comunicação com o anterior Edil de Maputo, David Simango, porém, desde que a gestão municipal está nas mãos de Eneas Comiche, as coisas mudaram e, segundo o porta-voz do grupo, para o pior: “ninguém mais aparece aqui. Nunca falamos com o actual Edil, ele não nos conhece fisicamente, somente no papel”, atirou.

 

À imprensa, Massingue soltou a voz e exigiu a entrega das casas, que já deviam estar na posse das vítimas desde 2019, tal como foi prometido aquando da visita do local, pelo Presidente da República, em Fevereiro de 2018. O bairro de reassentamento está a ser erguido na localidade de Bobole, distrito de Marracuene, província de Maputo.

 

“Pedimos que o Chefe de Estado leve o assunto a peito, da mesma forma que ele apareceu e mostrou-se preocupado com as vítimas. Pedimos que ele recuasse o tempo e olhasse para nós e dissesse que já passou um tempo suficiente. Na altura do desabamento, disseram-nos que teríamos as casas em apenas um ano e este já é o terceiro ano e nem água vai, nem água vem”, sublinhou a fonte.

 

Conforme narra Massingue, o grupo já endereçou diversas cartas à Edilidade de Maputo, através da Vereação de Acção Social, porém, a respectiva Vereadora mostra-se impotente para resolver a situação. Acrescenta também que a comunicação com a nova titular da pasta da Terra e Ambiente, Ivete Maibase, não é cordial.

 

“Tivemos uma reunião, há cinco meses, e foi bem despachada: não trouxe nada de concreto”, revelou a fonte, acrescentando que Maibase terá dito que as obras foram interrompidas, devido à eclosão da pandemia do novo coronavírus, cujo primeiro infectado foi diagnosticado a 22 de Março de 2020 (dois anos depois da tragédia de Hulene).

 

Refira-se que o deslizamento de lixo, no aterro sanitário de Hulene, matou 16 pessoas e afectou um total de 215 famílias, que recebem, do Município de Maputo, um valor para o arrendamento das residências, enquanto aguardam pela construção de novas casas. (Marta Afonso)

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