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segunda-feira, 21 dezembro 2020 12:34

Banca electrónica: aplicação Euronet ainda não funciona e se a da Bizfirst for desligada o caos regressa a Moçambique

A 11 de Dezembro de 2018, o Banco de Moçambique assinava um contrato com a Euronet, colocando a americana como provedora privilegiada do sistema nacional de pagamentos electrónicos, através da rede SIMO. O banco central anunciava assim a saída da portuguesa BizFirst, classificando-a como chantagista e empresa de menor expressão.

 

O contrato rubricado entre o Banco Central e a Euronet (contrato de licenciamento, implementação e manutenção do sistema informático para pagamentos electrónicos interbancários) aconteceu a 11 de Dezembro. Na véspera, a Bizfirst desligara o sistema, forçando o pagamento de uma factura de pouco mais de 5 de milhões de Euros. O apagão foi duro para a economia, penalizando o consumo. O Governador Rogério Zandamela foi cáustico para a Bizfirst e a solução Euronet foi sua cartada pessoal.

 

Dois anos depois (na semana passada, dia 14 de Dezembro), o Banco de Moçambique finalmente anunciou a chegada da aplicação Euronet, de acordo com Benedita Guimino, administradora do Banco de Moçambique. Com pompa, ela formalizou a “entrada em funcionamento de uma nova solução para o processamento de pagamentos electrónicos interbancários”.

 

“Carta” investigou. E concluiu que a cerimónia serviu somente para dar cobertura à promessa de Rogério Zandamela. Na verdade, nada entrou em funcionamento nem sequer a nova solução está em produção.

 

Aliás, Benedita Guimino deu um novo sentido à palavra “produção”. No seu discurso, ela disse o seguinte:”É com muita satisfação que anunciamos que, com a entrada em produção da nova solução de processamento da SIMOrede se inicia uma nova caminhada rumo à unificação de todas as plataformas de pagamentos electrónicos em Moçambique, incluindo a implementação da interoperabilidade entre as instituições de moeda electrónica (Mpesa, E-mola e Mkesh), sendo que o passo seguinte será a migração de todas as instituições de crédito e sociedades financeiras para a nova solução”.

 

Uma fonte abalizada disse-nos que a “interoperabilidade” ainda não existe. E questionou o que é que, afinal, havia entrado em produção? A fonte frisou que se a aplicação BizFirst fosse hoje desligada na sua totalidade Moçambique ficaria novamente sem banca eletrónica.

 

Guimino também referiu, destacando esse facto, que a “a nova aplicação da SIMOrede suporta a tecnologia “contactless”.  Mas, segundo uma das nossas fontes, o “contactless” é suportado em Moçambique desde 2015. “Todos os terminais (ATMs e POSs) são propriedade dos bancos, os quais até 2019 nunca tinham adquirido terminais “contactless”.

 

Por outro lado, diz a fonte, a aplicação dos POSs não é da responsabilidade da Euronet tal como não era da responsabilidade da BizFirst mas sim dos fornecedores dos equipamentos. Estas aplicações não suportavam “contactless” exactamente porque os terminais também não o suportavam.

 

“Dar como exemplo o contactless como um avanço tecnológico não só demonstra ignorância como completo desconhecimento das funcionalidades existentes”, asseverou a fonte. (M.M.)

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