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terça-feira, 19 maio 2020 06:54

IMD diz que há fragilidades no sistema de rastreio e monitoria de casos suspeitos de Covid-19

Há fragilidades no sistema de rastreio e monitoria dos casos de suspeitos de Covid-19 no país. A constatação é do Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), em relatório tornado público, na manhã desta segunda-feira, em Maputo. O estudo compreende a segunda fase da implementação das medidas do Estado de Emergência no âmbito da prevenção e combate da Covid-19.

 

De acordo com o IMD, as autoridades sanitárias têm-se mostrado incapazes de fazer o rastreio e a monitoria dos casos suspeitos, precisamente porque mesmo depois de colhidas as amostras para os respectivos testes, estes continuam a circular com um total à-vontade.

 

Denis Matsolo, Colaborador do IMD e apresentador do relatório de monitoria, apontou, a título de exemplo, o caso de um jovem de 29 anos de idade, da província de Inhambane, que depois de colectada a amostra, continuou a manter contacto com outras pessoas (incluindo crianças) e frequentava locais públicos. No grupo dos que também escaparam ao controlo das autoridades sanitárias, isto depois de recolhidas as amostras, estão, anotou Matsolo, um cidadão português que não observou a quarentena obrigatória e uma criança de sete meses na cidade da Beira, província de Sofala.

 

De seguida, Matsolo avançou que as autoridades sanitárias relaxaram no que ao nível de fiscalização diz respeito, sendo, desde já, imperioso o aprimoramento do sistema de monitória e rastreio dos casos suspeitos e da imposição da quarentena obrigatória, o que reduziria a possibilidade de contágio.

 

O estudo revela ainda que, apesar de se estar a cumprir eficazmente a directiva da suspensão das aulas, a todos os níveis, sem prejuízo da oportunidade da decisão, não estão criadas as condições estruturais para que os alunos possam continuar a ter aulas a partir das suas respectivas residências. Refere o IMD que parte considerável dos alunos não tem acesso à televisão, rádio, plataformas online, bem como a 200 a 600 Mts para pagar as famosas “fichas” de aprendizagem.

 

A controversa questão das propinas nas instituições de ensino (públicas e privadas) não escapou à consideração. Entende o estudo que o Governo deve, com a urgência que o assunto exige, intervir de modo a não comprometer o processo de ensino e aprendizagem.

 

O outro sector crítico, de acordo com a retromencionada organização, é o dos transportes. Apesar do uso massificado das máscaras e respeito pelo distanciamento interpessoal nas filas, no interior e fora dos transportes, a deficiência e fraca capacidade de prestação do serviço (corrida para as carrinhas de caixa aberta – My Love) está a tornar ineficazes as medidas adoptadas.

 

Os aglomerados chegaram, refere o relatório, até aos cemitérios, pontificando o de Lhanguene, na cidade de Maputo, muito por força do fraco preparo dos funcionários para a implantação das medidas.

 

O estudo do IMD refere, igualmente, que medidas combinadas de sensibilização, a melhoria do mapeamento e monitoria de pessoas suspeitas, o respeito pela obrigatoriedade da quarentena e o reforço da capacidade das instituições para melhor fiscalização figuram como sendo as melhores alternativas ao nível 4, chamado confinamento total.

 

O relatório intermédio da segunda fase de monitoria do Estado de Emergência tomou como amostra 1.568 pessoas que responderam ao inquérito, sendo que 39% são mulheres e 61% são homens.

 

Entretanto, na tarde ontem, durante o habitual balanço relativo à evolução da pandemia no país, a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, foi questionada por jornalistas a respeito do rastreio e monitoria dos casos suspeitos de Covid-19. Sobre o assunto, Marlene disse, sem rodeios, que era um verdadeiro “desafio total”.

 

Rosa Marlene começou por assumir que as autoridades de saúde não têm capacidade para andar de casa em casa para controlar se os suspeitos estão de facto a cumprir escrupulosamente as instruções/recomendações dadas.

 

Tudo que têm feito, no âmbito da monitoria dos casos suspeitos, são chamadas telefónicas aos suspeitos para saber se estão ou não a cumprir com a quarentena obrigatória. Adiante, Marlene disse que a questão do cumprimento das recomendações emanadas pelas autoridades da saúde (sobretudo a quarentena obrigatória) é responsabilidade de cada cidadão.

 

“É um desafio total. Não temos capacidade de andar de casa em casa. Nós ligamos para cada um. É responsabilidade de cada um ficar em casa. É mesmo uma questão de responsabilidade individual. Nós ligamos para saber se está em casa e se ele diz que está em casa, nós assumimos que de facto está em casa. É responsabilidade individual, sobretudo para aquele que está em quarentena”, disse Rosa Marlene.

 

Durante a actualização da evolução da pandemia, Rosa Marlene disse que foram registados mais oito casos de Covid-19, tendo elevado de 137 para 145 o número total de casos positivos. (I.B.)

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