Foi através do Ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, que foi revelado que o somatório de todos os valores necessários para fazer face ao Covid-19 é de 700 milhões de USD. A informação foi revelada na manhã de ontem, durante a reunião entre o Governo e os parceiros de cooperação, que tinha como objectivo estudar as melhores formas de prevenção e combate à doença.
Segundo Adriano Maleiane, o Governo já tinha desenhado o cenário nos instrumentos de planificação, desde o Programa Quinquenal do Governo até ao Orçamento de Estado de 2020. A fonte sublinhou que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) tinha sido projectado na ordem dos 4%, porém, com o surto do novo coronavírus, a projecção foi revista em baixa, tendo-se fixado entre 2.2% e 3.8%, devido à queda dos preços das principais commodities.
“O sector da agricultura, cujas projecções de crescimento rondavam em 2.6%, vai-se assumir o crescimento em 2%, mas também devido aos importadores de madeira, algodão e camarão que vão reduzir”, explicou o titular da pasta da Economia e Finanças, tendo acrescentado que o sector da hotelaria e restauração (turismo) poderá crescer 0.5%, contra os 3% previamente projectados.
“Com isso, é preciso haver políticas fiscais e monetárias”, disse Maleiane, revelando que a queda do PIB poderá ter implicações na receita, na ordem 45 milhões de USD. Quem também terá um prejuízo de 45 milhões de USD são as Pequenas e Médias Empresas, conforme revelou o dirigente.
Maleiane sublinhou ainda a necessidade de se facilitar as linhas de crédito, através de transferências para que as empresas continuem a funcionar. Garantiu que, para o desenvolvimento destas actividades, são precisos 90 milhões de USD, devido às receitas que caem, apesar de existirem despesas que não devem sair.
Para Adriano Maleiane, todas as transacções só podem ser feitas, através do apoio directo ao Orçamento do Estado, valor total de 700 milhões de USD. Na explicação do Primeiro- Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, o valor destina-se à construção de infra-estruturas e ao apetrechamento de 79 hospitais distritais. Também será investido na economia para compensar a perda de receitas, assim como para apoiar as micros e pequenas empresas que cobrem cerca de 20% das receitas do país.
Em reacção ao pedido do governo, o Embaixador da União Europeia, António Sanchez, revelou que as partes decidiram estabelecer duas comissões de trabalho, sendo uma de saúde e outra económica.
Questionado sobre a possibilidade dos parceiros de cooperação apoiarem financeiramente Moçambique para lidar com o Covid-19, Sanchez respondeu: “pode haver apoio em função das disponibilidades. Pode haver apoios em função da solicitação do governo”.
Por seu turno, Ari Aisen, representante do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Moçambique, avançou que o valor anunciado pela direcção central do FMI é destinado a todos os países em desenvolvimento e o nosso país tem uma quota com o FMI, pelo que, “pode solicitar este pedido, como já foi feito na época do Idai [Ciclone Tropical Idai]”.
Aisen garantiu que o FMI e os parceiros de cooperação vão apoiar Moçambique, nesse momento. “Moçambique tem bons instrumentos, boas políticas que já começaram a serem adoptadas. O Banco de Moçambique relaxou um pouco as reservas obrigatórias e isso permite uma injecção de recursos na economia. Hoje já foi anunciada uma linha de crédito em moeda estrangeira (dólares) que permite que também a economia tenha mais liquidez em moeda estrangeira para importação”, salientou. (O.O.)