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terça-feira, 26 novembro 2019 03:21

Sobre a “vitória indiscutível” de Filipe Nyusi: Mbilana diz que jornalistas “deturparam” conteúdo do relatório da Joint

A passada sexta-feira não ficou apenas marcada pela discussão, em seminário, do processo eleitoral, cuja votação foi realizada no passado dia 15 de Outubro. O outro facto digno de realce teve que ver com as controversas declarações proferidas pelo especialista em contencioso eleitoral, Guilherme Mbilana, durante o seminário que debateu as Eleições Gerais, organizado pelo IESE.

 

Guilherme Mbilana acusou os órgãos de comunicação social da praça de não terem sido verdadeiramente fiéis, isto quando ele, em representação da JOINT, na qualidade de assessor para o Programa de Eleições, foi chamando a tecer algumas considerações à volta das Eleições Gerais, Legislativas e das Assembleias Provinciais.

 

Mbilana negou redondamente que no passado dia 06 do mês prestes a findar, perante os microfones das televisões, rádios e jornais, dissera e, de forma categórica, que a vitória de Filipe Nyusi, candidato da Frelimo, não carecia de qualquer discussão, apesar das inúmeras irregularidades e ilícitos que marcaram o processo.

 

Eis as declarações de Mbilana no dia 6 de Novembro: “As irregularidades e os ilícitos eleitorais afectaram grandemente a credibilidade, a integridade e a justeza das eleições, entretanto, o seu impacto é amenizado pela distância existente nos resultados eleitorais entre o candidato da Frelimo em relação ao candidato da Renamo, o foço é tão grande que a JOINT considera que isso não afecta o resultado final, que dá vitória ao Presidente Filipe Nyusi e isso é indiscutível”.

 

Guilherme Mbilana, a quem a sociedade reconhece créditos quando o assunto são eleições, disse que os jornalistas deturparam o real sentido das suas declarações, precisamente porque pegaram em excertos descontextualizados e construíram um discurso completamente oposto ao discurso por ele apresentado, naquela manhã de 6 de Novembro.

 

Obra do acaso ou não, o facto é mesmo que quase todos os órgãos de comunicação social fizeram, em uníssono, o uso, precisamente, dos “excertos deslocados do contexto” para a produção das suas respectivas peças jornalísticas.

 

O académico afirmou que da comunicação que fez sobre o assunto (eleições) foram retiradas as expressões “se eventualmente” e “se por ventura”, por sinal nevrálgicas, realidade que contribuiu para que o sentido ficasse completamente distorcido, criando, na sua óptica, a percepção generalizada de que afirmara que a vitória de Filipe Nyusi é indiscutível.

 

“A comunicação que foi apresentada nos canais de televisão não foi na íntegra. Foram apenas excertos deslocados do contexto. Aquilo que eu disse e foi cortado é que se, eventualmente, os resultados eleitorais são aqueles que se apresentam, que estão a ser anunciados publicamente, então pode-se entender que a vitória é indiscutível. Indiscutível foi o termo usado por todos os canais e deslocado do sítio. Eu disse se por ventura. Porque eu não fiz contagem paralela. Eu apenas disse que se a base deste número for essa, então o resultado é indiscutível, uma vez que a margem dos dados que está a ser tornada pública é bastante larga e que a julgar pelos dados anunciados pelo Tribunal Supremo, em relação aos recursos que deram entrada nos tribunais judiciais, que tinham sido em número de 58, dos quais 55 foram reprovados, então considero que não há como alterar os resultados. É nesse sentido que eu coloquei a minha afirmação. Por outro lado, fizemos circular os comunicados a que os jornalistas tiveram acesso e nada disso consta. O que se fez é que se pegou como pegou e deslocado do contexto. A percepção que circulou aí fora foi de que são indiscutíveis, mas fora do contexto”, disse Mbilana.

 

O especialista em contencioso eleitoral respondia, deste modo, ao deputado da Renamo, Ezequiel Molde Gusse, que questionou a verdadeira face de Guilherme Mbilana, uma vez que, em conferência de imprensa, dissera que a vitória de Filipe Nyusi era indiscutível e na apresentação, no decurso do seminário, bastante rica e, por sinal, efusivamente saudada pelos participantes, dissera, precisamente, o contrário. 

 

Guilherme Mbilana analisou a “evolução das irregularidades e ilícitos eleitorais nas eleições de 2009 e as realizadas no ano prestes a findar.

 

Na ocasião, Mbilana atirou que apesar dos anos terem passado as irregularidades e os ilícitos continuam quase as mesmas e, tal como nos outros, impactaram, sim, no resultado final. Nas eleições havidas este ano, numa perspectiva comparativa com o de 2009, ganhas e com números expressivos pela Frelimo e o seu candidato presidencial, Armando Guebuza, houve, entre outras, situações de enchimento de urnas, presença de pessoas estranhas as mesas de voto, mesas com votos superiores aos registados nos cadernos, número abismal de votos especiais e o facto de boa tarde dos eleitores ter sido vedada de exercer o seu dever cívico.     

 

O único “dado novo”, anotou Mbilana, foi o “vendaval de boletins de voto”. Mbilana disse que estas eleições vão ficar marcadas pela circulação massiva e em mãos alheias de boletins de voto. Boa parte dos boletins que circularam fora do circuito formal, destacou Mbilana vinham pre-marcados a favor do partido Frelimo.(Ilódio Bata)

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