Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
terça-feira, 26 novembro 2019 04:38

Carlos Lopes Pereira: oficial da ANAC vence Prémio Príncipe William, Tusk 2019, para Conservação

 

Carlos Pereira recebendo seu prémio das mãos do Principe William

O veterinário moçambicano, Carlos Lopes Pereira, é o vencedor do Prémio Prince William, Tusk 2019, para Conservação em África. O Diretor de Serviços de Proteção e Aplicação da Lei na Administração Nacional de Áreas de Conservação (ANAC), Carlos Lopes Pereira, ganhou o Prémio em reconhecimento pelo seu trabalho na protecção do património selvagem de Moçambique. Carlos Lopes Pereira recebeu o prémio das mãos do príncipe William, numa cerimónia em Londres na quinta-feira passada.

 

O jornal londrino “The Telegraph” dedicou-lhe as seguintes linhas:

 

Quando Carlos Lopes Pereira mudou-se para o Parque Nacional da Gorongosa, no centro de Moçambique, em 2005, o lugar era como "o oeste selvagem”. Outrora a joia dos parques de caça africanos, sua vida selvagem fora abatida e a infraestrutura destruída durante anos de guerra civil.

 

Nos seis anos seguintes, Pereira, hoje com 64 anos, transformou a sorte de Gorongosa como seu Diretor de Conservação. Apoiado por uma ONG americana, a Fundação Carr, ele reconstruiu sua força de guarda florestal e importou elefantes, hipopótamos e búfalos da África do Sul.

 

 

Em 2011, o governo pediu que ele reabilitasse outro "desastre" - a Reserva Nacional do Niassa, do tamanho da Dinamarca, na fronteira de Moçambique com a Tanzania. Uma das últimas grandes áreas selvagens de África, a reserva estava perdendo mais de 1.000 elefantes por ano a favor de caçadores furtivos. Pereira lembra-se de voar em trilhas de elefante num helicóptero e ver famílias inteiras (de elefantes) massacradas.

 

Apoiado pela ”The Wildlife Conservation Society”, ele treinou novamente seus guardas desmoralizados e corrompidos, desmantelou seu principal sindicato de caça furtiva e enviou uma força de elite para combater outros caçadores. Desde Maio de 2018, os furtivos não mataram um elefante sequer na reserva do Niassa.

 

Em 2012, Pereira foi nomeado Diretor de Aplicação da Lei na Administração Nacional de Áreas de Conservação de Moçambique e começou a mudar a mentalidade de um país muito pobre, onde matar espécies protegidas dificilmente era considerado crime. Ele ensinou parlamentares, promotores e juízes a valorizar a vida selvagem. Ele convenceu o Governo a introduzir uma sentença máxima de 16 anos por crimes contra a vida selvagem.

 

Estabeleceu equipas de investigação que apresentam à polícia as evidências de que precisam para agir - 32 casos apenas neste ano. Pereira forjou laços com o Parque Nacional Kruger, na África do Sul, para impedir que caçadores moçambicanos dizimem sua população de rinocerontes. E introduziu uma unidade canina no aeroporto de Maputo para impedir o tráfico.

 

 

Em Agosto, um cidadão chinês se tornou o primeiro estrangeiro condenado por tráfico de chifres de rinoceronte e recebeu 15 anos de prisão. Pereira recebe ameaças de morte. Os sindicatos chineses e vietnamitas odeiam-no. "O tráfico é baseado no alto lucro, baixo risco, mas eles agora estão na defensiva", diz ele. "Eles precisam de correr mais rápido do que nós ou acabam no tribunal".

 

Originalmente veterinário, Pereira ainda entra no mato sempre que pode. Na semana passada, ele desornou oito rinocerontes. Há dois meses, recolocou sete leões que estavam aterrorizando uma vila. Antes disso, colocou 40 elefantes no Niassa. Voar sobre a reserva e ver os elefantes de volta e sem medo foi "esmagador", diz este homem modesto, mas totalmente comprometido. (Martin Fletcher, The Telegraph)

Sir Motors

Ler 4049 vezes