Um relatório recente da organização “Follow the Guns”, com uma versão televisionada pela Carte Blanche (um programa de jornalismo investigativo da Mnet sul africana) aponta Moçambique e África do Sul como grandes corredores de tráfico de armas parte, as quais são usadas caçar de rinocerontes. Empresas de seguranças de generais e altas figuras do Estado têm sido usadas pelos contrabandistas nesses países.
A investigação foi feita pela jornalista Kathi Lynn Austin. Ela explica que, durante três anos de pesquisa sobre caça furtiva, descobriu que esses novos recursos revelam tanto sobre o que está sendo experimentado como sobre o que está faltando para proteger rinocerontes e pessoas vulneráveis no contexto da caça. Para Austin, a caça ilegal de rinocerontes já não pode ser mais vista exclusivamente como uma questão de conservação.
Ao longo da última década, o crime contra a vida selvagem tem subido constantemente nos degraus como uma ameaça global. “Na África e em outros lugares, esse lucrativo flagelo, com um valor anual estimado entre 7 biliões USD, alimentou a corrupção, inflamou o conflito e enfraqueceu o Estado de Direito”, disse Austin. Embora o crime comece tipicamente com a caça ilegal de rinocerontes, responsáveis pelas cadeias de fornecimento ilegal de armas e pelo tráfico de chifres estão organizados em verdadeiros sindicatos.
Por essa razão, confundir estratégias de conservação e de guerra moderna sem a devida atenção às ferramentas de aplicação da lei faz pouco sentido. “Em quase todos os conflitos que abordei ao longo de 25 anos, encontrei forças corruptas usando a cobertura de operações militarizadas para saquear o que é de fácil acesso. E o problema do armamento de nível militar, que acaba em mãos erradas, alimentando mais caça ilegal”, afirma Austin. Por trás da imagem turística do Parque Nacional Kruger e Limpopo existe um mundo de sombras. Além do negócio feio de caça ilegal, sua paisagem é repleta de uma corrida por armas entre os sindicatos de tráfico mais perigosos do mundo.
Este mundo sombrio contém uma fortaleza denominada “zona de proteção intensiva”, onde os rinocerontes são protegidos com poder de fogo e recursos militares mais robustos do que nas áreas periféricas. Os pesquisadores identificaram a entrada de armas ilegais de caça vindas de Portugal para Moçambique. A Follow the Guns apurou que todas as partes envolvidas, incluindo a Interpol, sabiam de remessa de armas CZ de Portugal para Moçambique, mas deliberadamente não actuam. (Omardine Omar)