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segunda-feira, 15 julho 2019 08:24

Agricultura e Pecuária inteligentes podem ser a solução para as zonas áridas e semi-áridas, defende Sociólogo de Desastres

O pesquisador e Director da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), Luís Artur, defende que a prática da agricultura e pecuária inteligentes pode ser a solução para as zonas áridas e semi-áridas.

 

A posição foi manifestada, semana finda, durante o encerramento do Simpósio do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), realizado em Maputo, com objectivo de encontrar soluções para o uso sustentável dos vários recursos existentes nas zonas propensas à seca.

 

 

Designada “agricultura e pecuária inteligente”, a prática consiste, segundo o sociólogo dos desastres, em organizar toda a informação transmitida durante o simpósio por vários oradores e pesquisadores, conceber e implementar todas as práticas de produção, de transporte, armazenamento e consumo que sejam adequados às práticas de adaptação e mitigação.

 

Entretanto, Artur entende que a primeira maior preocupação a se ter em conta para a prática da agricultura, nas zonas áridas e semi-áridas, é a existência ou não da água e dos recursos florestais, pois, na sua óptica, são de maior importância até porque a actividade agrícola consome 70 por cento da água em todo o mundo.

 

Em relação à água, a fonte refere que a sua gestão, nesta actividade económica, ganha ainda mais importância, sobretudo neste momento, em que se fala bastante sobre as mudanças climáticas, pelo que, “a forma como a água é gerida, nas zonas áridas e semi-áridas, não deve ser a mesma que nas outras zonas”.

 

“Ao chamarmos os investidores para este tipo de zona, é preciso ter muita cautela. Devemos observar o tipo de cultura, o sistema de rega”, disse Artur.

 

Sobre as florestas, o pesquisador explica que estas devem ser bem preservadas, tendo em conta que a sua má gestão pode colocar em causa a vida das comunidades residentes nas áreas áridas e sem-áridas. Explica, por exemplo, que o reflorestamento pode durar 20 a 30 anos naquelas zonas, devido às suas características particulares.

 

Artur considera que, para resolver os problemas de seca, não basta apenas mexer os distritos assolados por este fenómeno, mas sim alternativas energéticas, assim como mudar hábitos de consumo das populações em todo o país.

 

“A produção não pode ser olhada como o ponto principal. Devemos transformar toda a cadeia para que haja uma agricultura e uma economia mais smart”, acrescentou.

 

A outra componente a ser observada, segundo a fonte, é como tudo deve ser feito. Segundo aquele professor universitário, primeiro, é necessário haver políticas que incentivem a agricultura e a pecuária inteligentes, assim como desenvolver-se instituições capazes de implementar essas políticas, para além do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), actualmente responsável pela implementação de um projecto de recuperação das zonas afectadas pela seca, nos distritos de Matutuíne, Magude, Chigubo e Chibuto, nas províncias de Maputo e Gaza, respectivamente.

 

“Quando alguém diz que numa determinada zona não se pode plantar cana-de-açúcar, porque precisa de muita água, o melhor a fazer é não plantar a cana-de-açúcar naquele local e explicar quais as culturas devem ser colocadas nas zonas áridas e semi-áridas”, anota.

 

“Como academia, estamos a estabelecer um centro de pesquisa em Mabalane (Gaza) para fornecer informação necessária no processo de tomada de decisão”, revelou a fonte, garantindo que as obras já estão em fase avançada.

 

Explica ainda que todas as decisões devem constar de uma base de dados, onde as pessoas devem saber usá-la a curto e longo prazo, de modo que as populações afectadas por esta calamidade possam saber se precaver.

 

“Deve-se também fazer uma retrospectiva de todos os acontecimentos, para que, por exemplo, as pessoas saibam mais ou menos a que níveis podem construir as suas casas, de modo a não serem atingidas por outros desastres naturais”, avançou.

 

Referir que mais de 2.8 milhões de pessoas são vulneráveis à seca, em 27 distritos do país, sendo que a província de Gaza é a mais afectada. (Marta Afonso)

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