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quinta-feira, 04 julho 2019 06:52

Saga chinesa às florestas de Tete: OSC denuncia exploração ilegal de “nkula” em Chitima

A Associação de Apoio e Assistência Jurídica às Comunidades (AAAJC), uma organização da sociedade civil, baseada na cidade de Tete, província com o mesmo nome, denuncia a exploração ilegal, pelos cidadãos chineses, de 7.673 hectares de diversas espécies florestais, entre elas, a “nkula”, em Chitima, distrito de Cahora Bassa, naquela província do centro do país, sob olhar impávido das autoridades.

 

Na denúncia, feita esta terça-feira (02 de Julho), através do seu Boletim Oficial, a AAAJC afirma que nunca antes havia sido referenciada a existência de madeira preciosa de espécie “nkula”, naquele ponto do país, porém, há dias, um colossal investimento chinês instalou um grande acampamento, no qual concentra a espécie “nkula”, em toros.

 

No documento, a AAAJC diz estar indignada pelo facto de os chineses estarem a explorar aquela espécie, livremente, naquela região, numa altura em que o Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) interditou a sua exploração. A fonte sublinha que a madeira é transportada em camiões contentorizados para o Porto da Beira, província de Sofala.

 

De acordo com a organização, “o modus operandi” usado pelos furtivos é o mesmo. Ou seja, os camponeses cortam a espécie, através de equipamentos fornecidos pelos chineses e estes apenas se responsabilizam pelo transporte dos toros até ao acampamento, antes de serem encaminhados para o Porto da Beira.

 

Conforme consta do Boletim da AAAJC, a situação agrava-se pelo facto de ser uma área ainda não mapeada pelas autoridades que tutelam o sector, pois, não era vista com potencialidades para ser uma floresta e muito menos com aquela espécie que, à luz da legislação nacional, é protegida.

 

Aliás, a AAAJC destaca que as espécies mais predominantes naquele distrito são o Mopane e Chanfuta, que servem de fontes de energia e de construção a nível do distrito e não só. Refere ainda que existem, em Chitima, operadores florestais de licenças simples a explorarem as espécies Cavulancie, Chissua e Calonda, porém, estes fazem os seus trabalhos a 4 Km da vila-sede de Chitima.

 

De acordo com a referida Associação, a barragem de Cahora Bassa está rodeada de extensas áreas de floresta de Mopane, mas não havia ainda registos da valiosa espécie “nkula”, que está a ser explorada ilegalmente por chineses.

 

Salientar que, há sensivelmente um mês, uma equipa da “Carta” e representantes do Fórum Nacional de Florestas (FNF) estiveram, em Tete, onde, em audiência com o Governador daquela província, Paulo Auade, este disse que, desde 2015, não via a espécie “nkula” a ser transportada porque esta já não existia na província, um ponto corroborado pelo Director Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Manuel Victor Gole. (Omardine Omar)

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