Hospital Central de Quelimane, a maior unidade sanitária da província da Zambézia, não tem “filmes” para a impressão dos resultados de Raio X, obrigando utentes a usar os seus telemóveis para obter as imagens dos resultados dos exames.
Para além da falta de filmes, o Hospital enfrenta também interrupções recorrentes de energia eléctrica. Informações colhidas pela “Carta” dão conta de que, na manhã do último sábado (15), o hospital permaneceu durante horas sem energia eléctrica, o que, de certa forma, desagradou os utentes daquela unidade sanitária.
Em contacto com o director do Hospital Central de Quelimane, Ladino Suade, este justificou que, em relação à falta de “filmes” para a impressão do Raio-X, o facto deve-se à migração do hospital, há mais de um ano, para o Sistema Informático de Gestão de Pacientes.
Assim, os aparelhos de Raio-X, depois de captarem a imagem do paciente, enviam-na em formato digital para os computadores dos médicos que fazem as requisições, permitindo-lhes visualizar os resultados directamente nos seus gabinetes.
“Neste hospital, já não usamos os aparelhos de Raio-X analógicos; agora utilizamos o digital, o que representa um avanço. Inclusive, os processos clínicos dos nossos pacientes são digitais. Isso significa que o paciente já não precisa de transportar o seu processo físico. Quando é internado, recebe apenas o seu Número de Identificação do Doente e é informado de que o seu processo está no sistema informático”, explicou.
“Portanto, por esta razão, já não recebemos os filmes. Embora ainda tenhamos um aparelho analógico, não fazemos mais a requisição. No caso de pacientes externos, enviamos os resultados do Raio-X para o telemóvel do paciente, para que ele possa mostrá-los ao médico. Se o paciente não possuir um telemóvel com sistema Android, enviamos a informação ao hospital que fez a solicitação ou realizamos a impressão em papel”, salientou a fonte.
Entretanto, o que aconteceu neste sábado, segundo o director do Hospital, é que uma equipa da EDM se deslocou ao local para realizar um trabalho de manutenção e troca de óleos, com o objectivo de garantir uma energia de qualidade. O próprio hospital solicitou os serviços e pediu que fossem realizados na manhã do último sábado, pois, alguns departamentos não funcionam nesse dia. “Nós temos no hospital uma subestação eléctrica bastante grande e este sábado foi o dia escolhido para a manutenção preventiva, visando melhorar a qualidade da energia", referiu Suade.
Entretanto, importa frisar que os problemas relacionados com a falta de material de impressão do Raio X, em Quelimane, não são novos e fazem parte, de um modo geral, das dificuldades enfrentadas há anos pelo Sistema Nacional de Saúde.
Os Hospitais Central de Maputo, Gerais José Macamo e de Mavalane e o Provincial da Matola, no Grande Maputo, também enfrentam problemas de falta de filmes para a impressão do Raio X, assim como a escassez de reagentes para diferentes tipos de exames. Trata-se de dificuldades que reflectem um problema sistémico no fornecimento de insumos essenciais para os serviços de diagnóstico por imagem.
Muitos hospitais têm tentado alternativas digitais para contornar a falta de materiais, mas a transição enfrenta desafios técnicos e de infra-estrutura. A necessidade de investimentos em equipamentos modernos e sistemas de armazenamento digital eficientes é cada vez mais imperiosa para garantir um atendimento de qualidade à população. (M.A.)