O Hospital Central de Maputo, a maior unidade sanitária de Moçambique, adverte que corre risco de não ter alimentação para oferecer aos pacientes ali internados, que poderá ser exacerbado pelo défice de cerca de 200 profissionais da saúde devido ao impedimento da circulação das ambulâncias perpetrado por alegados manifestantes.
A preocupação foi expressa pela directora clínica substituta do Hospital Central de Maputo, Eugénia Mozanha, em conferência de imprensa havida na manhã do feriado do Dia da Família, 25, em Maputo. O HCM tem 1500 camas e neste momento estão internadas cerca de 900 pacientes em diversas enfermarias.
“Não há pacientes que ficam sem comida, mas precisávamos de ter refeições para todos esses que estão internados, não há pacientes, estamos com problemas sérios de alimentação porque os nossos fornecedores não conseguem chegar à unidade sanitária”, disse Mozanha.
Explicou que existem profissionais da saúde que conseguem chegar a tempo e hora e estão a trabalhar entre 48 a 72 horas, dando o máximo para prestar cuidados aos pacientes. O HCM tem estado a fazer um esforço de ir até às residências dos funcionários através de ambulâncias, algumas conseguem passar.
A nova onda de manifestações violentas teve o início após a validação e proclamação dos resultados das eleições de 9 de Outubro último pelo Conselho Constitucional (CC) na passada segunda feira (23), tendo sido declarado vencedor Daniel Chapo, candidato presidencial da Frelimo, partido no poder.
““Estamos a atravessar um momento crítico no Hospital Central de Maputo com um número de doentes por trauma maior em relação a outros anos, nesta época, um número de profissionais da saúde reduzido”, referiu.
“Por isso, voltamos a apelar que haja permissão para que os trabalhadores da saúde e as ambulâncias passem e assim possamos prestar os cuidados de saúde aos doentes que chegam ao HCM”, disse Mozanha.
Sobre o rescaldo das 24 horas da véspera de Natal, sublinhou que o Serviço de Urgências de adultos recebeu 161 pacientes dos quais 117 por trauma.
No ano transacto foram atendidos 141 pacientes, dos quais 67 por trauma. “Destes (67) pacientes, 19 por queda, 14 acidentes de viação, 8 por agressão física, 4 feridos por arma branca e 62 feridos por arma de fogo”, disse.
Nos serviços de urgência de pediatria, nas 24 horas anteriores ao Dia da Família foram atendidos 24 pacientes contra 13 de igual período do ano transacto, devido à dificuldade de os pacientes chegarem à unidade sanitária tendo em conta os protestos violentos que se registam nos últimos dias.
Já, os serviços de genecologia obstétrica receberam, de 24 para 25 de Dezembro, 31 pacientes contra 20 registados em igual período do ano transacto, dos quais 23 tiveram parto.
“Um grande problema nesta altura do ano é o sangue, pois temos tido dificuldades. Temos muitos doentes por trauma, esta unidade sanitária consome em média 100 unidades por dia, e estas unidades são acrescidas neste período do ano, principalmente na presença das situações que estamos a viver actualmente ” referiu.
Mozanha, informou que o stock actual de sangue é de 111 unidades de sangue. (AIM)