Enquanto a vizinha cidade de Nampula e a sede do posto administrativo de Namialo eram palco de manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, a situação na chamada terceira maior baía do mundo estava calma.

Uma pequena concentração de jovens no centro da cidade (na Tmcel) foi prontamente reprimida pelos agentes da Lei e Ordem, com o lançamento de gás lacrimogéneo e, daí, não foi registada outra tentativa.

Os apoiantes de Venâncio Mondlane não saíram às ruas em Pemba e as actividades nos sectores público e privado ocorreram sem sobressaltos. No entanto, as principais avenidas de Pemba registaram maior presença de agentes das forças de segurança, além da frequente circulação de viaturas policiais.

Os residentes dividem-se quanto à não realização da manifestação na capital provincial de Cabo Delgado. Alguns consideram que foi algo positivo, enquanto outros se opõem. Seja como for, ambos temem que, nos próximos dias, possa haver coragem para ir às ruas.

"Em Cabo Delgado não estamos para essas coisas. Já temos os al-shabab, miséria, pobreza, injustiça... Já basta. Não é que a gente não se queira manifestar, mas estamos saturados com tudo o que está a acontecer. Sentimos pena de nós mesmos, estamos há sete anos convivendo com os terroristas", afirmou Mário Sande, vendedor do mercado central de Pemba.

Já Musseti Carlos, outro munícipe da cidade de Pemba, entende que a província está longe de uma revolução verdadeira. "Em Cabo Delgado, estamos a brincar. Não manifestamos, talvez porque somos fracos ou temos medo, talvez por causa dessa situação dos ataques terroristas. Mas somos um povo de medo, fracassado... Precisamos de pessoas que não tenham medo", disse.

Recorde que a última vez em que Assane Singano, delegado do Podemos em Cabo Delgado, orientou uma manifestação na cidade de Pemba, ele queixou-se da intimidação por parte da Polícia, devido ao maior número de agentes destacados para acompanhar aquela marcha.

Nos distritos de Cabo Delgado também não foi registada qualquer manifestação convocada pelo candidato presidencial, Venâncio Mondlane, embora o político conte com muito apoio de seus seguidores. (Carta)