A Aliança Democrática (DA, na sigla em inglês), um dos principais parceiros do ANC no Governo de Unidade Nacional, condena as recentes eleições presidenciais moçambicanas, que segundo aquela força política foram marcadas por irregularidades generalizadas, violência e assassinatos políticos.
A declaração de Daniel Chapo como Presidente pela Comissão Nacional de Eleições – com 70,6% dos votos – não é apenas suspeita, mas indicativa de um processo eleitoral profundamente comprometido, aponta a Porta-voz da Aliança Democrática para Relações Internacionais, Emma Louise Powell.
Relatos de fraude flagrante, adulteração de votos e intimidação lançaram uma sombra escura sobre a democracia de Moçambique. Observadores, incluindo a União Europeia, documentaram “irregularidades durante a contagem e alterações injustificadas de resultados eleitorais”.
Essas descobertas levantam sérias preocupações sobre a legitimidade da eleição e a violação do direito dos cidadãos moçambicanos de escolher livremente os seus líderes. O mais perturbador é que o assassinato violento de dois conselheiros de Venâncio Mondlane, o principal oponente de Chapo, aumentou a atmosfera de medo e repressão. Elvino Dias, advogado de Mondlane, e um porta-voz do partido Podemos foram mortos a tiros poucos dias antes do anúncio dos resultados pela CNE.
Tais actos de violência política minam a confiança nas instituições do país e lançam um manto sombrio sobre esta eleição. A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) tem um papel crítico a desempenhar para garantir a paz, a democracia e a estabilidade na região.
Num documento que a “Carta” teve acesso, a Aliança Democrática apela à SADC para intervir urgentemente e exigir uma recontagem independente dos votos. “Apenas através da transparência e da responsabilização é que a vontade do povo moçambicano pode ser reconhecida” – diz a DA.
O principal partido da oposição na África do Sul fundamenta que “não abordar essas irregularidades pode alimentar mais agitação e desobediência civil, com a ameaça de violência crescente se aproximando”.
Destaca ainda que os líderes regionais não podem ignorar as vozes da juventude e da sociedade civil de Moçambique que buscam um futuro livre de corrupção e repressão. “Agora, mais do que nunca, Moçambique precisa de uma liderança forte e baseada em princípios para evitar mais instabilidade”.
Nestes termos, a Aliança Democrática como parte do Governo de Unidade Nacional da África do Sul, insta a SADC a agir rapidamente, com o compromisso de defender os princípios democráticos e evitar uma crise que pode repercutir em toda a África Austral.
O apelo da DA diz a terminar que África do Sul apoia o povo de Moçambique na sua demanda por um processo eleitoral justo e equitativo. (Carta)