Um membro do partido da oposição na Tanzânia foi encontrado morto depois de, na sexta-feira, ter sido raptado por homens armados, espancado e encharcado com ácido, afirmou ontem o presidente do partido Chadema.
Numa conferência de imprensa, o presidente do partido, Freeman Mbowe, disse que o membro do secretariado nacional do partido Ali Mohamed Kibao foi obrigado a sair de um autocarro sob a mira de uma arma, na sexta-feira, quando viajava de Dar es Salaam para Tanga, na costa norte do país.
A morte de Kibao ocorre menos de um mês depois de Mbowe, o seu adjunto Tundu Lissu e outros dirigentes do Chadema terem sido detidos numa operação policial antes de um comício da juventude do partido.
“A autópsia foi feita (na presença) dos advogados do Chadema e é evidente que Kibao foi severamente espancado e que lhe foi aplicado ácido na cara”, disse Mbowe durante a conferência de imprensa, realizada em Dar es Salam, a capital da Tanzânia, país que faz fronteira, a sul, com Moçambique.
“Não podemos permitir que o nosso povo continue a desaparecer ou a ser morto desta forma”, afirmou, acrescentando que "as vidas dos funcionários do Chadema estão atualmente em perigo" e que outros funcionários do partido estão desaparecidos.
A Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, disse no domingo que tinha tomado conhecimento da morte de Kibao “com grande tristeza” e apresentou as suas condolências à família, amigos e líderes do partido.
“Ordenei às autoridades responsáveis pela investigação que me enviassem relatórios pormenorizados sobre este incidente extremamente grave”, escreveu na sua conta na rede social X (antigo Twitter). “O nosso país é democrático e todos os cidadãos têm direito à vida. O governo que lidero não tolerará tais atos de crueldade”, acrescentou.
Vários ativistas dos direitos humanos e opositores mostraram-se preocupados com a repressão, que, dizem, poderia levar a um regresso às políticas opressivas do ex-presidente John Magufuli, que morreu em 2021.
Em agosto, a ONG Amnistia Internacional descreveu as detenções de opositores como um “sinal profundamente preocupante” em vésperas das eleições presidenciais e parlamentares da Tanzânia, em 2025, as primeiras desde a morte de Magufuli. (Lusa)