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segunda-feira, 29 abril 2019 13:24

Ciclone Kenneth: balanço da quinta-feira fatídica

41 Dias depois do Ciclone IDAI ter devastado a zona centro do país, em particular a cidade da Beira, capital provincial de Sofala, Moçambique voltou a viver outros momentos dramáticos com a passagem, no último dia 25 (quinta-feira), do Ciclone Tropical Kenneth, que destruiu a província de Cabo Delgado, com destaque para o já sofrido distrito de Macomia (tem sido o palco dos ataques protagonizados por um grupo de insurgentes naquela província).

 

Foi em mais uma quinta-feira que a natureza escolheu devastar o nosso país. Depois do Ciclone Tropical IDAI ter “abatido” a zona centro na quinta-feira do dia 15 de Março, o Ciclone Tropical Kenneth também elegeu este dia da semana para “arrasar” a província de Cabo Delgado. Por volta das 16 horas que o ciclone tropical entrou na costa moçambicana, através dos distritos de Mocímboa da Praia e Macomia, norte da província de Cabo Delgado, com ventos estimados de cerca de 140km/h, com rajadas até aos 160km/h, acompanhados de chuvas fortes (mais de 100mm).

 

38 óbitos, 39 feridos, 168.254 pessoas afectadas, 32.034 casas parcialmente e 2.930 totalmente destruídas, é o retrato preliminar (até a manhã desta segunda-feira) dos danos causados pelo Ciclone. Registou-se ainda a destruição de 193 salas de aulas, 14 unidades sanitárias, 330 postes de energia, entre média (117) e baixa (213) tensão e a queda de uma ponte metálica sobre o rio Muagamula (distrito de Muidumbe), que deixou isolados cinco distritos do norte daquela província (Mueda, Muidumbe, Palma, Nangade e Mocímboa da Praia).

 

O já sofrido distrito de Macomia foi o mais afectado com diversas infra-estruturas públicas e privadas destruídas, destacando-se os edifícios do governo distrital, do Comando Distrital da PRM, do hospital distrital, a residência oficial do Administrador do distrito e do balcão do Banco Comercial e de Investimentos.

 

Ainda em Macomia, a comunicação por voz e dados também ficou afectada, porém, foi restabelecida nas operadoras privadas, sendo que a pública Moçambique Telecomunicações ainda não repôs. A ligação rodoviária entre aquela vila-sede e o Posto Administrativo de Mucojo ficou condicionada, devido às chuvas intensas que se fazem sentir.

 

Na Ilha do Ibo, por exemplo, o Ciclone destruiu mais 4.000 casas e deixou aquele local turístico sem corrente eléctrica e comunicação, através das redes de telefonia móvel. Registou-se também a destruição parcial da residência oficial do Administrador do distrito e também dos edifícios da Administração Pública. No sector agrário, as autoridades preveem que o ciclone tenha devastado 31.356 ha, afectando 35.947 produtores e aproximadamente 769 toneladas, das culturas de milho (313,5 toneladas), feijão (454,4) e hortícolas (627). O distrito de Metuge poderá ser o mais afectado, com 8.458 ha perdidos, afectando 12687 famílias.

 

Para realizar os trabalhos de resgate, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) conta no terreno com 230 especialistas humanitários, sete barcos, uma avioneta, quatro helicópteros, sete camiões, sete telefones satélites e três drones. A instituição conta também um total de 40 centros de acomodação, nos distritos de Pemba (11), Metuge (três), Mocímboa da Praia (quatro), Quissanga (quatro), Mecufi (10), Ibo (três), Palma (três) e Macomia (dois) que albergaram 23.760 pessoas (correspondendo a 4.025 famílias), a maioria evacuada antes do ciclone. Era previsto que os centros de Palma e Metuge tivessem sido desactivados, entretanto, ainda não aconteceu.

 

O Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, visitou os centros de acomodação, tendo ouvido as habituais reclamações sobre as condições de alojamento. As famílias revelaram estar a dormir no chão sem rede mosquiteira. O governante reconheceu a preocupação dos afectados e prometeu transferir as famílias a partir desta segunda-feira.

 

Risco de cheias

 

De acordo com os dados partilhados pela ARA-Norte, neste domingo, os caudais das bacias do Messalo, na região de Meangalewa, do Rovuma, em Congerenge, encontravam-se abaixo do alerta, porém, com a do Messalo tinha tendência a subir. Por seu turno, a bacia do Megaruma, em Megaruma, que já estava acima do alerta (0,51 m.), mas com tendência a baixar.

 

Entretanto, face a queda persistente da precipitação que se verifica na região, a ARA-Norte previa a subida de caudais nas bacias do Messalo, Montepuez, Megaruma e Costeiras, podendo atingir e manter-se acima do alerta nas estações de Meangalewa e Megaruma, podendo inundar os distritos de Macomia e Muidumbe e Mecufe, respectivamente.

 

Na tarde desta segunda-feira, o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) confirmou a continuação de ocorrência de chuvas moderadas a fortes (30 a 50 mm/24h), localmente muito fortes (mais de 50 mm/24h), ventos com rajadas até 50 Km/h e trovoadas severas, em alguns distritos das províncias de Cabo Delgado (Palma, Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga, Metuge, Mecufi, Ibo, Nangade, Muidumbe, Meluco, Ancuabe, Pemba e Chiúre)e da província de Nampula (Nacala, Memba, Erati, Nacarroa, Muecate, Namapa, Ilha de Mocambique, Mussoril, Liupo, Mongicual e Monapo). (Abílio Maolela)

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