O Serviço Nacional de Investigação Criminal de Moçambique (SERNIC) afirma ter identificado os mandantes dos sequestros que têm assolado as cidades do país. Segundo Hilário Lole, porta-voz do SERNIC na cidade de Maputo, citado pela Rádio Moçambique, emissora pública, os mandantes dos sequestros são três cidadãos moçambicanos que vivem na África do Sul.
Lole explicou que, para prendê-los, as autoridades moçambicanas estão a trabalhar em estreita coordenação com a Polícia Internacional (INTERPOL).
“São indivíduos que já identificamos. Mandados de prisão internacionais já foram emitidos porque temos informações de que eles estão em território sul-africano. Está a ser feito um trabalho com as forças daquele país, em estreita coordenação com a INTERPOL, para facilitar a sua neutralização e posterior responsabilização em território moçambicano”, disse.
Segundo Lole, a Polícia está no encalço dos quatro indivíduos armados que sequestraram, na segunda-feira (05), um homem de 24 anos, em plena luz do dia, no centro de Maputo. A vítima é filho de um empresário asiático.
Segundo testemunhas oculares, a vítima foi obrigada a entrar no carro dos sequestradores nas primeiras horas da manhã, perto do Hotel Términus. Recentemente, o presidente da Comunidade Muçulmana de Moçambique, Salim Omar, disse que os empresários de origem asiática não confiam mais na polícia, pois continuam a ser ameaçados por seus algozes.
Ele também disse que mais de 100 empresários e suas famílias deixaram o país devido aos sequestros que atingem cidades moçambicanas há 12 anos. De acordo com o Relatório de Análise Estratégica (RAE), publicado pelo Gabinete de Inteligência Financeira de Moçambique (GIFiM), unidade especializada do Ministério da Economia e Finanças, a onda de sequestros no país gerou, desde 2014, mais de 33 milhões de dólares em lavagem de dinheiro.
O documento também diz que esse dinheiro foi escondido em várias contas, mantidas pelos suspeitos, parentes próximos dos suspeitos e empresas controladas pelos suspeitos e/ou seus parentes próximos, seguido pela exportação ilícita de capital sob vários pretextos com o objectivo de ocultar a sua origem criminosa. (AIM)