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sexta-feira, 26 julho 2024 07:44

Auditoria forense destapa gestão danosa do ATCM

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Está longe do fim a guerra que se vive no Automóvel & Touring Clube de Moçambique (ATCM), o maior e principal clube do desporto motorizado do país. Uma auditoria forense realizada àquela colectividade, referente ao período 2012-2017, destapa uma gestão danosa da anterior direcção, liderada por António Marques.

 

Entre os pecados atribuídos ao principal rosto do desporto motorizado, nos últimos 20 anos, em Moçambique, está a alienação de parcelas de terra, a celebração de contratos de parceria com imobiliárias sem a autorização dos associados e muito menos sem quaisquer ganhos para o ATCM e o gasto dos fundos do clube em viagens, algumas com pessoas estranhas à colectividade.

 

A auditoria, realizada em 2019 pela AccSys Moçambique, subsidiária do também moçambicano Grupo Meridian32, aponta oito parcerias desvantajosas celebradas pelo ATCM com igual número de empresas, sendo que algumas foram assinadas apenas pelo então Presidente da direcção da agremiação, António Francisco Marques. Apenas uma parceria deu frutos positivos.

 

A auditoria forense destapou também quatro negócios celebrados apenas por António Marques, na qualidade de Presidente do ATCM, e sem o conhecimento dos sócios e muito menos a intervenção de outra pessoa da direcção, facto que viola os estatutos do ATCM que obrigam a assinatura de dois membros do Conselho de Direcção.

 

De acordo com os números 3 e 4 do artigo 24 dos Estatutos do ATCM, a direcção da agremiação não pode adquirir, alienar, onerar, arrendar, ceder a exploração ou por qualquer modo ceder a título temporário o gozo ou uso de quaisquer bens imóveis pertencentes ao clube, sem o acordo da Assembleia-Geral.

 

Igualmente, os estatutos do ATCM estabelecem que actos e contratos que envolvam ou possam representar responsabilidades financeiras ou encargos apreciáveis para o clube carecem da assinatura do presidente da direcção e do tesoureiro, ou do presidente da direcção e de um secretário.

 

Em geral, a auditoria refere que os terrenos cedidos tinham um valor comercial de 71.540.000,00 USD, porém, a então direcção vendeu-os a menos de 13.4 milhões de USD, com o agravante de não ter tirado qualquer vantagem financeira da maioria dos acordos.

 

Lembre-se que António Marques deixou a presidência do ATCM em 2019, tendo sido substituído pelo advogado Rodrigo Rocha. Na hora de saída, Marques disse que deixava a instituição em bom estado de saúde, destacando os projectos de reabilitação do autódromo, assim como a elevação do nível competitivo dos pilotos dentro e fora do país.

 

Os detalhes deste escândalo financeiro serão divulgados amanhã, na primeira edição da “Carta da Semana”, o mais novo produto da Carta de Moçambique, Sociedade Unipessoal. (Carta)

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