Os membros da UPAI dizem que estão cansados dos desmandos do Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação e Finanças (CEDSIF) em relação ao processamento dos salários nos últimos meses. Num documento a que “Carta” teve acesso, o grupo diz que, desde 1975 até à presente data, nunca tinha visto e assistido uma falta de respeito em relação às Forças de Defesa e Segurança (FDS) no geral e em especial a polícia.
“Temos homens do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico instalados em locais sensíveis e estratégicos que se vão empenhando em prol da ordem e segurança pública, respeitando a doutrina policial. Mas os últimos pronunciamentos do Porta-voz do Governo, Filimão Suazi, não têm nada, revelam total falta de respeito em relação à polícia. Não temos salários, temos cortes nos subsídios, temos o salário diminuído, ora o mesmo entra em contas que não nos pertencem. Gostávamos de saber qual é o real objectivo do CEDSIF ao desenvolver um sistema falhado e problemático para desgastar as FDS”, refere o grupo.
“Solicitamos a intervenção da Procuradoria-Geral da República para entender o que está a acontecer com este sistema e que sejam responsabilizados todos do CEDSIF que deixaram várias famílias sem salários por um mês ou mais. Juramos à bandeira, mas perante o que está a acontecer estamos cansados”.
A mesma preocupação foi apresentada no sábado, ao comandante-geral da PRM, Bernardino Rafael, por alguns agentes da corporação, na aldeia Namuembe, distrito de Nangade, em Cabo Delgado. Em resposta, Bernardino Rafael "implorou" calma às especialidades policiais pelo atraso de dois meses de salário.
"Calma, muita calma colegas, vamos ter calma, vamos acreditar naquilo que nós somos e sempre seremos, sermos fiéis à nossa pátria, sermos fiéis à Constituição da República, sermos fiéis ao nosso comandante em chefe das Forças de Defesa e Segurança".
Na ocasião, reconheceu que "alguma coisa está errada" no processamento de salários aos agentes do ministério do Interior.
"Tenho colegas que não estão a ser operados, tenho colegas cujas famílias foram expulsas por falta de pagamento da renda de casa, tenho colegas cujas crianças não fizeram exames, por falta de pagamento de propinas", reconheceu.
Na sua explicação, o comandante-geral da PRM disse que o atraso dos ordenados de junho e julho deve-se à migração do processamento de salários do ministério do Interior para o das Finanças, negando haver polícias fantasmas como sendo a razão da demora dos ordenados dos dois últimos meses.
Avançou que o Comando-Geral está a dialogar com o ministério da Economia e Finanças para que a migração do processo de pagamento de salários seja feita de forma faseada. (Marta Afonso e Redacção)