A Associação Médica de Moçambique (AMM) avaliou como “muita boa” a adesão à greve nacional de 21 dias que a classe iniciou em protesto, contra cortes salariais e falta de pagamento de horas extraordinárias.
“A adesão tem estado a ser muito boa, neste momento os colegas que estão nos hospitais estão a prestar serviços mínimos”, disse à Lusa Milton Tatia, presidente da AMM.
Tatia avançou que estava previsto que paralisassem a atividade entre 2.000 e 2.500 médicos, incluindo os cerca de 1.600 membros da associação, mas o número exato de profissionais que estão a participar na greve ainda terá de ser apurado.
Sobre notícias de que há unidades de saúde sem médicos para serviços mínimos – apesar de a prestação dos mesmos ter sido garantida pela AMM - Milton Tatia disse que a situação será averiguada para que essa obrigação legal seja cumprida.
O responsável avançou que no lugar dos profissionais em greve estão a trabalhar médicos com cargos de direção e chefia, estrangeiros e militares.
Milton Tatia lembrou que a AMM exige que o Governo implemente o acordo alcançado sobre a reposição de cortes salariais provocado pela materialização da nova Tabela Salarial Única (TSU) e proceda ao pagamento de horas extraordinárias.
“Não é uma questão de negociar, o que nós estamos, desde o início, a pedir é que haja implementação do que foi acordado”, sublinhou.
O responsável acusou o executivo de recorrer a “uma estratégia para ganhar tempo”, ao mudar constantemente de equipas negociais no diálogo com os médicos sobre o caderno reivindicativo da classe.
É a segunda greve dos médicos em menos de um ano, após a suspensão de uma outra convocada em dezembro, com a ausência de resultados nos entendimentos alcançados com o Governo nas negociações realizadas no final do ano passado.
Além dos médicos, a Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique também esteve em greve no mês passado em contestação à aplicação da nova tabela salarial, tendo dado um prazo de 60 dias ao Governo para resolver, pelo menos, uma parte das reivindicações dos profissionais.
A implementação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores.(Lusa)