O vizinho Malawi continua a esforçar-se para salvar sobreviventes do ciclone tropical Freddy, numa altura em que o número de mortos de uma das tempestades mais devastadoras já pode estar acima de 326, contra 225 na quarta-feira, com 796 feridos e 201 desaparecidos, enquanto o número das vítimas das cheias e inundações passou para 183 159 correspondente a 40 702 famílias. O número global de mortos desde que o Freddy fez a sua primeira passagem em Fevereiro está agora muito acima de 300 em Malawi, Moçambique e Madagáscar.
A tempestade fez 27 vítimas mortais em Madagáscar e Moçambique, antes de atacar Moçambique pela segunda vez, deixando pelo menos 53 mortos na Zambézia. O ciclone Freddy atravessou a África Austral pela segunda vez num intervalo de um mês e ainda está a causar fortes chuvas, dificultando os esforços de socorro.
O exército, a polícia, a Cruz Vermelha local e outras agências de ajuda humanitária do Malawi estão a conduzir operações de busca e salvamento, sendo a cidade comercial de Blantyre uma das áreas mais duramente atingidas.
O abastecimento de energia no Malawi foi gravemente afectado pela tempestade depois de a companhia nacional de produção de electricidade ter encerrado as principais centrais hidro-eléctricas.
Graves inundações e deslizamentos de terra arrasaram casas, destruíram pontes e estradas em dez distritos do Malawi, sobretudo em Blantyre, e o Presidente do Malawi fixou temporariamente o seu escritório nesta cidade para comandar pessoalmente as operações de apoio e salvamento. Esta quarta-feira, o Presidente do Malawi pediu ajuda internacional devido ao ciclone Freddy.
Lazarus Chakwera apelou à ajuda internacional para lidar com a devastação causada pelo ciclone Freddy, que classificou como uma tragédia nacional, tendo decretado duas semanas de luto nacional, a fim de garantir que todas as almas que partiram e a busca de pessoas desaparecidas recebam a atenção merecida.
O presidente Lazarus Chakwera também apelou aos malawianos para que abandonem as diferenças políticas e caminhem juntos por uma jornada de reconstrução do Malawi, que actualmente está sangrando devido aos efeitos do ciclone tropical Freddy.
O Ciclone Freddy também devastou o serviço de saúde em todo o Malawi, tendo levado à perda de acesso a instalações e infra-estruturas de saúde, resultando numa aguda escassez de pessoal e suprimentos, e a quebra de trocas comerciais na fronteira de Milange, na Zambézia, entre operadores moçambicanos e malawianos.
Enquanto isso, o Papa Francisco fez um apelo ao mundo para apoiar o Malawi, atingido por um ciclone, em que centenas de pessoas foram mortas, outras feridas e milhares desabrigadas. O Sumo Pontífice pede ao Senhor que ampare as famílias e comunidades mais atingidas por esta calamidade.
Vivem e trabalham no Malawi cerca de sessenta mil moçambicanos, alguns dos quais, radicados no país desde o conflito armado de 16 anos em Moçambique. Durante esse período, Malawi chegou a albergar mais de um milhão de moçambicanos. (Carta)