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quinta-feira, 08 dezembro 2022 08:39

Cresce número de civis mortos em actos terroristas em Cabo Delgado

Cresce o número de civis mortos em ataques terroristas na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique. A constatação é feita pelo projecto Cabo Ligado, um observatório dos ataques terroristas – lançado pela Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED), em parceria com o Zitamar News e o MediaFax – em seu relatório referente aos cinco anos de violência extremista naquele ponto do país.

 

Segundo o relatório consultado pela “Carta”, desde 2021, ano em que o país recebeu a ajuda militar estrangeira, o número de civis mortos em actos terroristas voltou a subir em relação ao registado nos anos anteriores, embora o número total de fatalidades tenha reduzido.

 

De acordo com o documento publicado no passado dia 23 de Novembro, em 2021, foram relatadas 1.100 mortes causadas pelos actos terroristas, sendo que, deste número, mais de um quarto (mais de 275 mortos) eram civis. Já neste ano, até 31 de Outubro último, foram relatadas 644 fatalidades, sendo que cerca de metade delas são civis (cerca de 322).

 

Os dados dos últimos anos contrariam a tendência que se verificava nos primeiros três anos. O relatório do projecto Cabo Ligado revela que o número de fatalidades civis reduziu de 87%, em 2018, para 47%, em 2020. Em 2018, morreram 204 pessoas em actos terroristas, das quais perto de 178 eram civis, enquanto em 2020, houve registo de 1.720 fatalidades, das quais perto de 809 eram civis.

 

Segundo o relatório do projecto Cabo Ligado, de 05 de Outubro de 2017 a 31 de Outubro de 2022, a província de Cabo Delgado foi palco de 1.475 eventos terroristas, que resultaram em 4.332 mortes, das quais 1.902 são de civis, correspondente a 44,9% do total das fatalidades. Perto de 1 milhão de pessoas foram forçadas a abandonar as suas residências.

 

Só no passado mês de Outubro, a ACLED diz ter registado 35 eventos de violência terrorista, que resultaram em 73 mortes relatadas, sendo que grande parte das fatalidades foram relatadas nos distritos de Ancuabe e Nangade, “onde os insurgentes realizaram ataques a civis e entraram em confronto com as forças estatais e milícias comunais”.

 

“Esses dados sombrios também se reflectiram no crescimento do número de insurgentes. Fontes do sector de segurança estimaram que seu número cresceu de pouco mais de 150, em 2017, para quase 3.000 no fim de 2020, quando ameaçaram pela primeira vez a própria usina de gás natural liquefeito (GNL) em Palma. Esses números sustentaram operações militares significativas, cadeias de suprimentos com alcance regional e operações de apoio de base”, sublinha o documento de 10 páginas.

 

Refira-se que o projecto Cabo Ligado foi lançado em Maio de 2020 e se dedica à colecta de dados em tempo real sobre a insurgência na província de Cabo Delgado e fornece análises em torno das últimas tendências de conflito. (A.M.)

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