Vinte e quatro horas depois de ter deixado o país ao avesso, com a acusação de difamação e calúnia contra três menores humoristas da cidade de Chimoio (que produziram um vídeo, retratando o comportamento da Polícia de Trânsito na via pública), na província de Manica, o Ministério Público decidiu retratar-se, atirando-se ao Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ) e à STV, alegando terem publicado inverdades.
Numa nota de imprensa publicada na tarde desta quarta-feira, a Procuradoria Distrital de Chimoio afirma não constituir verdade que tenha instruído qualquer processo contra os três menores e nem contra Raquel Paulo Jorge, jornalista da Rádio Moçambique e avó de um dos menores.
Segundo o Ministério Público, o único processo aberto é contra o realizador do vídeo, cujo nome não foi identificado, por haver indícios da prática do crime de exposição da pessoa a perigo, previsto nos termos do artigo 218 do Código Penal, pelo facto de aparecerem crianças na direcção da viatura, estando no lugar do condutor, assim como nas partes lateral e frontal.
A avó do humorista Válter “Danone”, diz o Ministério Público, foi chamada ao Tribunal como declarante, uma vez que a mesma foi chamada à Procuradoria Distrital de Chimoio para ajudar os investigadores a identificarem o realizador do referido vídeo.
O Ministério Público defende não haver qualquer menor em julgamento no Tribunal Judicial do Distrito de Chimoio e que também nunca foi chamada a figura de “calúnia e difamação”, pois, “o conteúdo do vídeo nunca constituiu preocupação para a Procuradoria” da Cidade de Chimoio.
Para o Ministério Público, o SNJ emitiu uma nota de repúdio “sem sequer se preocupar com o apuramento da verdade dos factos em seu poder” e que nem a organização e muito menos a STV, que exibiu o caso, “procuraram o Ministério Público para ouvir a sua versão”.
No entanto, a acusação contra os três menores humoristas foi lida no Tribunal, na passada terça-feira, pela representante do Ministério Público, tendo fundamentado que as crianças que participam do vídeo “denotam possuírem, desde tenra idade, imagem pejorativa dos membros da PRM [Polícia da República de Moçambique], especificamente a Polícia de Protecção e a Polícia de Trânsito, que, na óptica do vídeo, limitam-se a extorquir os bens dos cidadãos”. (Carta)