Um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus foi expulso recentemente da congregação e foi abandonado à sua sorte, junto com a esposa. Segundo relatos do Pastor Victor Muhamed, na sua página oficial, o mesmo foi expulso depois de 27 anos a serviço da Igreja e por ser um dos pastores destemidos e porta-voz das inquietações dos seus colegas.

Muhamed relata que a Igreja obriga os pastores, principalmente, os de nacionalidade moçambicana, a se desligar da sua família, a parar de estudar, a não trabalhar, a não ter vida própria para servir a Igreja e a não se comunicar com seus pais, irmãos, entre outros.

"Nós os pastores moçambicanos só recebemos ordens dos líderes que na sua maioria são brasileiros. O Presidente da Igreja, José Guerra, é pastor tal como nós, mas ele tem carro próprio, tem vida própria, faz os seus negócios, tem filhos e nós outros somos obrigados a fazer vasectomia para servir a Deus", explicou.

Mais adiante, o pastor relata que a Igreja por vezes dá ordens a outros pastores para "vasculharem" a vida dos seus colegas para saber se os mesmos não estão a desobedecer às regras da Congregação, numa autêntica devassa à vida privada.

"Eu trabalhei nesta Igreja durante 27 anos, mas eu e outros colegas não sabemos como o José Guerra foi parar na presidência desta congregação, quem foi que o elegeu e como está nesta posição há 30 anos, o que é mais estranho", refere a fonte.

"Muitas regras funcionam para nós os pastores moçambicanos, mas os pastores brasileiros são isentos. Os líderes recebem ordens vindas do Brasil para serem implantadas em Moçambique mesmo que entrem em choque com a Constituição moçambicana".

A fonte diz ainda que a Igreja não funciona com doutrinas, mas sim com regras flutuantes que servem só para alguns.

"A Igreja ordena os crentes a fazerem propósitos que os obriga a doarem as suas casas e carros em nome de Deus e estes mesmos bens são posteriormente vendidos e o valor é usado para as despesas correntes da Igreja e, por vezes, o valor é transformado em divisas que chegam a lesar a economia do país em benefício dos líderes que se encontram no Brasil".

"Os pastores brasileiros quando ficam viúvos têm o direito de escolher uma nova mulher e os moçambicanos acabam ficando muito tempo viúvos porque quando perdem suas esposas a Igreja escolhe uma nova esposa para eles, com a qual muitas vezes não concordam", disse.

"Carta" tentou sem sucesso ouvir o Presidente da Igreja Universal do Reino de Deus, José Guerra. (Carta)