No dia 2 tomei um avião das nossas LAM(entações), de Maputo a Chimoio. A partida estava marcada para as 11h30, depois a agência deu a conhecer da antecipação para 10 minutos mais cedo e, na prática, só partimos as 15h30.
Mas, não é de horários que se sujeita esta missiva. Até porque, na nossa maneira moçambicana de ser, pouco se obedece às horas e, quando se trata da nossa companhia de bandeira, menos ainda. Aliás, pela manhã, quando pelejava junto dos chapas de Maputo em direcção ao aeroporto, um amigo ironicamente perguntou se a viagem seria de Nagy da LAM. Epah, só no aeroporto entendi o alcance da sua questão.
São 12h30, uma hora depois, quase isso, do horário fixado para a partida. Uma voz anuncia o embarque. Seguimos perfilados, como de praxe. Metemo-nos no avião, ansiosos de chegar aos nossos destinos, alguns de nós, com meses de saudades das nossas coisas às costas.
Estamos no interior na aeronave, a TM 1182, na verdade. Aí começa a ladainha. Entram e saem vários mecânicos de avião. Uns de branco, outros a paisana como nós. E vamos assistindo o filme sem nada entender.
São 13h30, os ponteiros do relógio vão dando as suas voltas, igual aos mecânicos de avião. Parece que o chefe dos homens de macacão tomou uma decisão: o avião vai partir com um mecânico abordo! Minutos depois, vemos subir o tal salva-vidas nosso, em caso de qualquer mal-estar do aparelho, lá nas alturas.
E o piloto aciona o(s) motor(es) – estamos na dúvida se o avião tinha os dois motores operacionais, pelo menos, a experiência feita em terra, na nossa presença, deixou-nos com sérias dúvidas. O aparelho começa a marcha, depois daquelas palavras bonitas das meninas do avião. Nisto, zás, um outro mecânico, lá de fora, abre a porta do avião, inesperadamente, para o espanto da aeromoça de frente e de todos nós que pagamos chorudos samoras para assistir a este espetáculo sem graça nenhuma.
A equipa de mecânicos volta a fazer o seu trabalho, com o avião imobilizado na pista. Tempo depois, conclui-se que não havia condições para o avião decolar e somos ordenados a desembarcar, ainda no asfalto quente da Mavalane.
Seguimos a nossa sorte para o interior do aeroporto, sem saber mais quantas horas, dias, senão semanas nos esperavam na capital das acácias. E, desta vez, as coisas terminaram deste jeito graças aquela “mão externa” do mecânico que abriu a porta do avião em plena marcha. Que tal se insistíssemos em bazar, será que permaneceríamos ainda nesta ou estávamos já noutra?
Nisto me vem à memória Mateus Magala, o messias do pelouro dos Transportes e Comunicações em Moz, escolhido a dedo, depois do despenhamento do mano Janfar.
Brow Magala onde andas, mesmo? Vais continuar a assistir este show da LAM até quando? Estes pneus de aviões que explodem em aterragens não vês mesmo? De que tragédia estás à espera, bem-bem?
Hummm Magala, não brinca de enfiar a cabeça sobre a terra, neste voo de avestruz que não te fica bem.
Francelino Wilson