Dezasseis meses depois da entrada em funcionamento do Sistema de Bilhética Electrónica, conhecido por “cartão FAMBA”, introduzido pela Agência Metropolitana de Maputo (AMT), numa parceria público-privada, visando a modernização do processo de transportes urbanos de passageiros, o projecto encontra-se abandonado em quase todas as vias e as máquinas já se encontram danificadas.
O sistema foi introduzido a 01 de Fevereiro de 2021 nos corredores 6,5,3 e 4, abrangendo quatro rotas e, neste momento, funciona apenas em alguns autocarros de Boane/Baixa e KaTembe/Baixa. Operado pela empresa tanzaniana Maxcom, o projecto está avaliado em 1.4 bilião de Meticais.
Depois de visitarmos vários autocarros e percebermos que o sistema já estava inoperacional e algumas máquinas danificadas, “Carta” contactou, nesta quinta-feira, a Agência Metropolitana de Maputo, na pessoa do seu Administrador Armando Bembele, para perceber o ponto de situação do projecto e os prejuízos que o mesmo está a causar.
Segundo Bembele, o projecto de bilhética electrónica foi introduzido para melhorar a gestão de transporte na área metropolitana de Maputo. “Entretanto, como se sabe, o processo de planificação de um projecto depende dos dados disponíveis (número de autocarros, número de pessoas que sobem esses autocarros) para planificar melhor. Foi neste âmbito que se introduziu a bilhética”.
“Nós introduzimos o sistema em 2021, mas o azar que a bilhética teve foi de nascer num momento atípico (época da pandemia da Covid-19), onde havia muitas restrições e ao longo do processo fomos nos deparando com uma série de desafios e, neste momento, estamos a trabalhar sobre estes desafios, reformulando o projecto por forma a levantá-lo com muita força”, explicou.
Bembele acrescentou ainda que, neste momento, “o sistema não está a ser colocado nos autocarros, a própria assistência está parada, as cabines não estão em funcionamento”, porém, garante que o projecto será retomado em breve com as correções necessárias.
“Por exemplo, agora estamos a introduzir os QR CODE para que tenham modo offline, que permite o processamento, mesmo com o sinal fraco. Estamos também a trabalhar para que, em qualquer dos validadores, o passageiro possa entrar pela porta da frente validar e voltar a validar à saída também pela frente”.
Bembele reconheceu que existem ainda vários desafios de percurso, mas tudo está a ser mobilizado para que as coisas voltem a estar no ponto. “Aquele projecto já não tem como ir para trás, o caminho é para frente”.
Questionado sobre o tempo que o projecto ficou parado, a fonte respondeu: “não podemos dizer que está parado, o que está a acontecer é que um e outro autocarro tem o sistema em funcionamento. Mas, o que está parado vai ser retomado em breve, só não posso avançar a data da retoma do projecto para não cometer erros”.
“As subidas constantes de combustível dificultam cada vez mais o acesso aos dados fiáveis de autocarros, passageiros, mesmo se for para subsidiar as classes vulneráveis, a via mais segura é via bilhética electrónica porque assim teremos a certeza de quem é o beneficiário”, defende.
Relativamente aos carros em que o sistema já foi vandalizado, Bembele garantiu que tudo será reposto, mas tudo cairá na responsabilização do dono do veículo porque recebeu todo o equipamento em funcionamento. “Quando o projecto retomar, para além das cabines, pretendemos utilizar agentes móveis para aproximar mais os serviços aos utentes”, referiu. (Marta Afonso)