Nas vésperas do debate contraditório marcado para amanhã, quinta feira, da providência cautelar interposta pela lista do advogado Salim Omar, a qual suscitou o adiamento das eleições de 20 de Maio, o actual incumbente, Saleem Karim, acaba de atirar a toalha ao chão.

Ele colocou nesta tarde o lugar à disposição após dirigir a organização ao longo de 12 anos, 7 dos quais sem prestar contas e 2 fora do mandato. Sua carta de demissão, dirigida ao Vice-Presidente da Assembleia Geral da agremiação, é parcial quanto aos motivos que o levaram a desistir. “Para o bem da instituição, ponho meu lugar à vossa disposição”, escreveu ele numa missiva com a data de hoje.

Saleem Karim sai pela porta dos fundos, abrindo espaço para a vitória da lista opositora, liderada pelo advogado Salim Omar. Recorde-se, nas vésperas da data inicialmente marcada para o pleito (20 de Maio), a lista opositora denunciou uma série de irregularidades processuais, nomeadamente o facto de ter sido ele próprio, como Presidente de Direcção, a convocar a Assembleia Geral quando os estatutos e a Lei atribuem esse papel aos Presidentes das Mesas da Assembleia Geral.

A alegação central foi a de Saleem Karim ter orquestrado uma campanha de intimidação visando membros da lista de Salim Omar, incluindo a ameaça de morte feita através de uma chamada de telemóvel e mensagens emitidas a partir de Pemba. O debate contraditório de amanhã envolveria a clarificação de algumas destas questões. Tendo posto o seu lugar à disposição, Karim evita comparecer em tribunal, fugindo a eventuais questões difíceis e a uma exposição pública.

Nos últimos dias, ele foi denunciado por membros da comunidade que acusaram de usar uma conta da associação (as conta do Zakaat) para a prática de “usura”, severamente condenada pelo Islão. A conta do Zakaat reúne contribuições dos membros destinadas à caridade. Nos círculos policiais, ele é considerado como tendo ligações com a agiotagem, o rapto de pessoas e tráfico de substâncias proibidas. (Carta)