O Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM) materializou, nesta segunda-feira (18), um dos seus objectivos no presente mandato: remover empreendimentos de lavagem de viaturas consideradas mal projectadas. E foi o que aconteceu ontem na Avenida Milagre Mabote, onde a Edilidade destruiu dois car washes, que funcionavam no local há mais de 10 anos, deixando mais de 30 trabalhadores desempregados.
Segundo a edilidade, a actividade está a prejudicar o ambiente e as infra-estruturas foram erguidas num espaço público e empatavam a requalificação do campo desportivo de Malhangalene.
O Conselho Municipal da Cidade de Maputo explica que os proprietários dos referidos car washes ignoraram vários avisos para abandonarem o local voluntariamente, uma vez que é impróprio para a actividade, pelo que não houve outra saída, senão avançar para uma retirada coerciva e deitar abaixo os dois estabelecimentos.
Tal como era expectável, o ambiente que se vivia naquele local era de frustração, tanto por parte dos proprietários, bem como dos trabalhadores que passaram a ser desempregados. Para Mário, proprietário de um dos empreendimentos, “é um investimento de anos que vai água abaixo, sem nenhuma indemnização. Alguns têm empréstimos bancários. Não sei como vão resolver. O Município não nos deu espaço para irmos, nem indemnização. Estamos ao Deus dará”.
Frustrado com a situação, Mário disse que a edilidade está inclusive a ser injusta, porque “viram a nossa implantação no local, durante anos, mas nada diziam. Agora destroem as nossas coisas. Eu desconfio que estão a tirar-nos para poder ceder o lugar a outras pessoas. Vamos esperar. Veremos”, concluiu, transtornado.
No local, os trabalhadores iam gritando contra os funcionários do Município de Maputo. “Isto é um autêntico abuso de poder. Nós somos moçambicanos, então porquê nos tratam assim? Nós temos direito a espaço para trabalharmos”, gritavam.
Por sua vez, Danúbio Lado, Vereador de Desenvolvimento Económico Local na Edilidade de Maputo, explicou que o processo iniciou em 2017 e que um dos proprietários submeteu uma providência cautelar ao Tribunal Administrativo, em 2020.
“Em resposta, o Tribunal deu razão ao Conselho Municipal. Depois disso, notificamos o proprietário para que desocupasse o local num período de 30 dias, tendo expirado o prazo na semana passada (dia 11). Hoje iniciamos a remoção coerciva”, esclareceu a fonte, sublinhando que a decisão do Tribunal Administrativo vem de 2020, pelo que “tiveram tempo suficiente para a retirada voluntária dos seus produtos”.
“Há um projecto de requalificação do Campo Desportivo de Malhangalene, que está atrasado, pois, o concurso foi lançado em 2020, mas tínhamos um entrave, devido à permanência daqueles estabelecimentos. Trata-se de um espaço público que não pode ser ocupado por este tipo de infra-estrutura”, frisou. (O. Omar)