É um braço de ferro que já dura há vários anos no bairro Chingodzi, arredores da cidade de Tete, província com o mesmo nome, envolvendo a população e os militares afectos à Base Aérea de Tete e à Polícia Militar. Devido ao impasse, a população abriu um processo na Procuradoria Distrital de Tete, uma vez que, em finais de 2021, uma manifestação acabou resultando em tiroteios no local.
Porém, na semana finda, com vista a resolver o problema que opõe as partes, o Governador da província de Tete, Domingos Viola, e o Edil da Cidade de Tete, César de Carvalho, organizaram um comício popular, em Chingodzi, para esclarecer as pessoas que os talhões em disputa eram de elementos das Forças Armadas e Defesa de Moçambique (FADM).
De acordo com fontes da “Carta”, os dois dirigentes deixaram claro que aqueles talhões haviam sido atribuídos aos militares e que nenhum civil estava autorizado a construir. Entretanto, após terminarem as suas intervenções, um cidadão identificado localmente pelo nome de Anastácio solicitou palavra, tendo denunciado que as posições dos dois dirigentes estavam em situação de conflito de interesse, uma vez que os mesmos tinham as suas parcelas na mesma região, onde dizem que só devem viver elementos das FADM.
Não satisfeitos com a intervenção do cidadão em questão, dizem as fontes, os dois dirigentes ordenaram imediatamente que o mesmo fosse recolhido aos calabouços. De lá, revelaram as fontes, foi levado para o Gabinete do Governador de Tete, onde foi interrogado e ameaçado. Contudo, garantem as fontes, o cidadão não vergou e continuou a defender a sua posição.
Ao que “Carta” apurou, o cidadão viria a ser libertado, mas depois de uma tortura psicológica. As autoridades recolheram seus dados pessoais e contacto telefónico, supostamente para mais esclarecimentos.
Fontes oficiais, mas não autorizadas a falar, explicaram à nossa reportagem que o espaço em disputa foi atribuído aos militares, no entanto, ainda não foi entregue.
Refira-se que recentemente uma disputa por uma residência entre a edilidade de Tete e um cidadão, que já vivia nela há mais de 15 anos, precipitou a morte deste, tendo na ocasião a família se rebelado contra o Edil. (Carta)