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BCI
quinta-feira, 14 fevereiro 2019 09:35

Reclusos protagonizam fugas dramáticas das cadeias moçambicanas

No que se poderia considerar uma versão moçambicana dos filmes americanos de ficção, nomeadamente como o seriado dramático do “Prison Break”, a saga criada por Paul Scheuring, quatro reclusos lograram empreender uma fuga no mínimo estranha a partir de algumas prisões nacionais durante o mês de Janeiro último. Três escapuliram-se do Estabelecimento Penitenciário da Província de Maputo (EPPM) e um da Cadeia Central, concretamente na B.O.. Todos continuam a monte, o que foi confirmado à “Carta” pela Chefe Nacional do Departamento do Controlo Penal no SERNAP, Virgínia Meque.

 

De acordo com Virgínia Meque, os três reclusos que fugiram do EPPM e cumpriam penas que iam de um a três anos, aproveitaram-se da oportunidade que surgiu durante a realização de actividades laborais envolvendo toda a população prisional. Para lograrem a fuga, facilitada por certas fragilidades no sistema de segurança, saltaram o muro que circunda o EPPM. Meque disse ter já sido criada uma equipa multissectorial para investigar os contornos das fugas, e que, caso se comprove que houve comparticipação de alguns funcionários, estes serão responsabilizados.

 

A espectacular fuga de Mutheresse

 

Outra cena inspirada na cinematografia hollywoodesca aconteceu no dia 11 de Janeiro deste ano quando um recluso de nome Mutheresse ‘desapareu’ em plena luz do dia nas barbas da temível força de segurança que guarnece a B.O. Sobre o currículo criminal do autor da proeza (Mutheresse), fontes de “Carta” começaram por dizer que cumpria uma pena de 19 anos, e é natural da província de Niassa. Contaram que Mutheresse protagonizou a espectacular fuga numa altura em que os reclusos estavam no pátio a desenvolver várias actividades. Por volta das 09h00 apareceu no recinto prisional uma viatura do Conselho Municipal da Matola (CMM) para recolher lixo. Concluído o trabalho, e já no momento em que o carro do CMM abandonava o recinto da BO, Mutheresse entrou no contentor do lixo que a viatura transportava e escondeu-se no seu interior sem que alguém se apercebesse! 

 

Curiosamente, quando o carro de recolha do lixo da edilidade matolense parou junto do portão de saída da cadeia, os procedimentos que obrigatoriamente devem ser seguidos foram totalmente ignorados, supostamente por ordens de um comandante e dos guardas penitenciários que tinham sido escalados para trabalhar nesse dia.

 

Contentor do lixo não foi "picotado"!

 

Quando o camião do CMM já se encontrava na porta de saída, o comandante terá ordenado aos guardas para não inspeccionar (picotar) o contentor de lixo! “Naquele dia, propositadamente não picotaram o contentor do carro usando um ferro com ponta aguda e bem afiado, como costumam fazer”, afirmaram as nossas fontes. 

 

Acrescentaram que a ‘fuga’ de Mutheresse só foi anunciada volvidas quase seis horas após ter acontecido, às 09h00. Isso significa que só às 15h00 é que se soube da fuga daquele prisioneiro, que estava na Cadeia Central pela 2ª vez a cumprir uma pena de 19 anos. A primeira vez que lá tinha sido condenado a 17 anos, o que a avaliar pela gravidade das suas penas dá para concluir tratar-se de um cadastrado muito perigoso.

 

Em curso uma "investigação" conjunta!

 

Confrontada com estes factos, Virgínia Meque confirmou à “Carta” que o SERNAP recebeu a informação da fuga do prisioneiro, e que em conjunto com o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), a Procuradoria-Geral da República (PGR) e uma equipa do Ministério da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos (MJCR), estava a investigar as circunstâncias em que se deu. (Omardine Omar)  

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