Um grupo de 14 agentes, dentre os 17 envolvidos, do Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP), detidos a 25 de Fevereiro último em Maputo e Matola, por alegada conspiração para a soltura de Momade Assif Abdul Satar, vulgo ‘Nini Satar’, pedem a intervenção do Presidente da República, Filipe Nyusi. Os 14 agentes do SERNAP detidos escreveram uma carta, que publicamos nesta edição, alegando que estão a ser vítimas de uma injustiça, e que só o Chefe de Estado pode repor a verdade.
“Carta” apurou que três dos 17 agentes envolvidos no caso, nomeadamente Júlio Marcos, João Doa e Lídia Alberto, não foram detidos, levando os que estão detidos a interrogar-se se se estava na presença de um processo sério ou de uma perseguição. Os 14 detidos negam que tenham conspirado para a soltura de Nini Satar. Afirmam não entender os motivos da sua detenção pois, dizem, existem provas de que os crimes que lhes são imputados não foram cometidos.
Devido à sua vulnerabilidade às mudanças climáticas e fragilidade socioeconómica, Moçambique está exposto (em cada três a quatro anos) a ciclones tropicais, secas, inundações fluviais e tempestades costeiras.
Esta constatação está inserida no relatório da 2ª avaliação do Mecanismo Africano de Revisão de Pares (MARP), apresentado no dia 9 de Fevereiro último em Addis Abeba, na Etiópia.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição em Moçambique, defendeu hoje o adiamento do início do recenseamento eleitoral por 45 dias, para não penalizar o eleitorado das zonas afetadas pelo ciclone Idai.
"Entendemos ser salutar que o recenseamento eleitoral seja adiado por 45 dias para permitir o reassentamento [das populações afetadas], o que permitirá o mapeamento seguro dos postos de votação", disse José Manteigas, porta-voz da Renamo, falando em conferência de imprensa, em Maputo. O Governo moçambicano adiou a data do início do recenseamento eleitoral por 15 dias, como consequência da passagem do ciclone Idai, que assolou a zona centro do país. Segundo o calendário anterior, o recenseamento eleitoral devia começar hoje, 01 de abril, mas entretanto foi adiado para o próximo dia 15, para dar tempo às populações das zonas afetadas para se recomporem dos estragos causados pela calamidade.
Wim Wenders dirige esta espectacular homenagem à coreógrafa Pina Bausch e sua célebre equipa de dança. Documentário artístico e perspicaz com sequências de dança impressionantes. Durante a preparação do documentário, Pina Bausch morreu inesperadamente. Wenders cancelou a produção do filme, mas os outros dançarinos do Tanztheater Wuppertal o convenceram a fazer o filme mesmo assim. Ele mostra esses dançarinos, que falam sobre Pina e executam algumas de suas peças mais conhecidas dentro do Tanztheater Wuppertal e em vários locais ao ar livre ao redor da cidade de Wuppertal. Seguido de roda de conversa com grandes nomes da dança moçambicana.
(04 de Abril, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite Couto)
A presente obra contribui para o conhecimento da língua portuguesa, por via do estudo das particularidades do português literário de Moçambique. Trata-se de um dicionário que abarca um período de cerca de quatro séculos (1609-2004), 239 autores, 477 obras (das quais 118 não literárias). O aspecto inovador deste trabalho, relativamente aos dicionários de língua portuguesa existentes, tem o seu fundamento, essencialmente, na recolha das definições junto dos autores (em vida) que utilizaram ou criaram as palavras, cujo levantamento nas obras estudadas foi feito de modo sistemático. Assim, o Dicionário, em dois volumes, propõe entradas seguidas de uma classificação morfológica, citações nas quais figura a entrada e as definições dadas pelos próprios autores. Caso se trate de uma criação e as criações são numerosas é utilizado um asterisco. A classificação onomasiológica, por um lado, e a das particularidades morfossintácticas, por outro, completam a obra. É certo que a abundância de palavras e as múltiplas definições dadas pelos autores contribuem para um melhor conhecimento da língua literária de Moçambique, mas, daí decorre, sem qualquer dúvida, um enriquecimento do português. Esta obra virá a ser um dicionário de referência para a língua portuguesa.
(03 de Abril, no Centro Cultural Franco-Moçambicano às 16Hrs)
A Gapi-Sociedade de Investimentos acaba de anunciar uma doação de três milhões de Meticais, destinados à reconstrução de mercados e relançamento de pequenos negócios nas zonas afectadas pelo ciclone Idai. A Fundação Fernando Leite Couto lançou um apelo à solidariedade em prol das vítimas do ciclone Idai. O apoio será, numa primeira fase, destinado a um fundo de emergência gerido em parceria com a Cruz Vermelha. Numa segunda fase, essa ajuda será dirigida para a reconstrução de infraestruturas.
Em resposta, a Gapi - Sociedade de Investimentos decidiu prestar apoio no relançamento da economia local em municípios e vilas identificados, em função da gravidade dos impactos da intempérie. A intervenção estará focada no relançamento de pequenos negócios que dinamizam a economia das comunidades a longo prazo.
Assim, os 3 milhões de Meticais, doados pela Gapi-SI, através da Fundação Fernando Leite Couto, serão destinados a apoiar a reabilitação de mercados e pequenos negócios em Maquinino (Beira) e nos distritos de Nhamatanda, Dondo, Búzi, Gorongosa, Caia, Gondola, Sussundenga e Nicoadala. A aplicação destes fundos será feita em colaboração com as autoridades locais. (Carta)
Apresentação de obras de cerâmica de Matxakhosa e pinturas de Albino Mahumana, dois artistas moçambicanos com mais de 30 anos de carreira nacional e internacional.
(03 de Abril, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite Couto)
José Craveirinha, o poeta maior de Moçambique que morreu em 2003, tem novo livro, lançado postumamente. Chama-se ‘Moçambique e Outros Poemas Dispersos’ e foi publicado há dias em Maputo. Nesta obra de 176 páginas, composta por mais de 70 poemas e que Craveirinha escreveu entre 1950 e 1970, pode observar-se um particular pendor de intervenção político-social atento à realidade então prevalecente em Moçambique, como referiu o administrador do BCI, José Furtado.
A obra tem ainda a particularidade de incluir notas explicativas de duas conceituadas investigadoras literárias: Maria de Lourdes Cortez e Fátima Mendonça. Segundo Maria de Lourdes Cortez, “os textos de Craveirinha desenham um contínuo cruzamento entre a escrita e a oral, um modo de articulação específico entre os signos e os processos pré-simbólicos que os engendram: a orla da voz, os gestos ritmados, as frequências e as contracções musculares”.
Quando, aparentemente, a empresa Linhas Aéreas de Moçmabique (LAM) parecia estar a regressar a normalidade, depois de algum “caos” provocado pelo Ciclone IDAI, que afectou a zona do centro do país, com destaque para a cidade da Beira, eis que uma nova contrariedade se abate sobre a empresa, com a avaria, sexta-feira (29), de duas aeronaves da companhia.
A informação foi tornada pública, esta segunda-feira (01), através de um comunicado de imprensa, em que a companhia refere que a situação levou-a a reprogramar alguns voos e noutros casos, a cancelá-los. Para minimizar o impacto, provocado pela avaria das aeronaves, a LAM alugou uma aeronave sul-africana para operar nas rotas afectadas.
“Caos” provocado pelo IDAI
A LAM regista a avaria das aeronaves, depois do “caos” verificado nas suas operações, antes e depois da ocorrência do ciclone IDAI, que fustigou, a 14 de Março, a zona centro do país, em particular a cidade da Beira, província de Sofala.
De entre vários prejuízos, segundo o director-geral da empresa, João Carlos Pó Jorge, em conferência de imprensa, concedida sexta-feira (29), em Maputo, destaca-se o cancelamento de 28 voos, que afectaram 1500 passageiros com destino às províncias de Sofala, Inhambane, Manica e Tete, afectadas pela tempestade.
Após iniciar os voos, três dias depois (17 de Março), a LAM assistiu a um outro problema relacionado com a inoperância do sistema de comunicação, facto que dificultou o pré-pagamento das tarifas. “Na Beira tivemos casos de pessoas com crianças ao colo, sem dinheiro para pagar porque os sistemas de comunicação estavam inoperacionais e tivemos que criar condições para transportá-las à Maputo, onde pagaram pelas viagens”, relatou João Pó Jorge.
O director-geral da LAM disse também que nos dias subsequentes a empresa assistiu a uma maior pressão porque, sem ser possível ir a Beira por carro, devido a intransitabilidade da EN6, a alternativa era a via aérea. “Tivemos imensa procura de voos de Maputo para Beira, principalmente de carga, não só de produtos de emergência directa, tais como medicamentos, alimentos, mas também de material para repor as comunicações que foi uma das prioridades que nós percebemos que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) tinha para a busca e salvamento de pessoas”, disse.
Por causa da maior procura, desde o dia 17 de Março corrente, a LAM tem feito entre quatro a cinco viagens a Beira, contra uma média de dois voos em dias normais.
“A maior demanda no transporte de carga, levou-nos a alugar um Boeing 737-700, um avião com capacidade para carregar cerca de 15 mil toneladas. Com este carregueiro levamos geradores, bobines de cabos elétricos, fibra óptica, tendas, mantas, entre outros produtos para a operação de emergência. Esse avião fez uma operação intensa entre os dias 19 a 26 do mês em curso, por notarmos pouca demanda nos últimos dias”, afirmou Pó Jorge.
Ainda em relação à carga, a LAM teve, e continua a registar, problemas pelo facto de seu armazém, na Beira, ter sido totalmente destruído pelo ciclone e, por consequência, alguns passageiros não conseguiam prontamente levantar a carga, porque a arrumação no actual que é relativamente pequeno não permite organizar as encomendas.
Por causa das condições climáticas não favoráveis alguns aviões da LAM não aterravam na Beira e tinham de regressar para Maputo. Outros ainda desviavam rotas, o que acarretou mais custos de combustível. Os custos de todos esses prejuízos, a direção da LAM diz estar ainda a calcular.
Face aos problemas com que a LAM se debate nos últimos dias, Pó Jorge prometeu introdução de soluções que em breve irão normalizar as operações da empresa. (Evaristo Chilingue)
De acordo com um especialista sobre dívida externa e direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Juan Pablo Bohoslavsky, a aplicação dos direitos económicos, sociais e culturais em Moçambique não deve ser comprometida pelo serviço da dívida do país, particularmente a sua componente de 'empréstimo secreto'.
Num artigo publicado a 29 de Março último no site oficial do Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU sobre a passagem em meados de Março deste ano do Ciclone IDAI por quatro províncias do Centro de Moçambique, Bohoslavsky refere que os direitos humanos e impactos devastadores daquele fenómeno natural devem imperativamente ser considerados nas discussões sobre a dívida.