No Zimbabwe, os utentes das estradas com portagem pagam um mínimo de 130 meticais. Na Zâmbia, o valor mais baixo é de 74 meticais. No município de Johanesburgo, a capital económica da África do Sul, há três portagens
Tendo como pretexto as reclamações públicas que estão a ser feitas quanto ao estabelecimento de praças de portagem em quatro secções da Estrada Circular de Maputo, cujas taxas foram anunciadas esta terça-feira pela Rede Viária de Moçambique (revimo), Carta fez uma pesquisa básica visando aferir se constitui mesmo verdade que Moçambique possui as mais altas taxas de portagens da África Austral, tal como foi alegado por alguns círculos de opinião.
Os dados a que tivemos acesso, referentes a três países da África Austral que fazem fronteira com Moçambique, nomeadamente África do Sul, Zimbabwe e Zâmbia, sugerem, quando confrontados com as taxas estabelecidas para a Estrada Circular de Maputo, que essa alegação não corresponde à verdade.
No vizinho zimbabwe, por exemplo, uma viatura ligeira paga, conforme as taxas em vigor desde Janeiro de 2021, USD 2 (dois dólares norte-americanos, o equivalente a cerca de 130 meticais, ao câmbio de 65 meticais por cada USD), ou cerca de 200 dólares zimbabweanos, por cada vez que cruzam uma portagem. A taxa mais alta, que é a aplicada a camiões de grande porte, é de USD 10 (dez dólares norte-americanos, o equivalente a 650 meticais).
Nas quatro praças de portagens da Estrada Circular de Maputo, as viaturas ligeiras pagarão um máximo de 40 meticais em cada portagem, nada pagando na segunda situada na mesma direcção, quando a viagem seja contínua ou ocorra dentro de um curto período de tempo. Usuários frequentes podem pagar 16 meticais por cada passagem (60 porcento de desconto).
Para sair de Harare para vários pontos do país, existem seis estradas com portagens (Harare-Darwin, Harare-Chirundu, Harare-Nyamapanda, Harare-Plumtree, Harare-Mutare e Harare-Beitbridge), nalgumas das quais as primeiras portagens encontram-se situadas a menos de 15 quilómetros do centro da urbe.
A distância de Harare a Mutare é de 262 quilómetros, havendo nessa rodovia, denominada A3, quatro portagens, nomeadamente Ruwa, Marondera, Rusape e Riverside Mutare, o que significa que existe, em média, uma portagem em cada 65.5 quilómetros, o que faz concluir ser incorrecto advogar que não existe, no mundo, portagens localizadas a menos de 100 quilómetros uma da outra.
As taxas de portagens aplicadas na vizinha África do Sul são, igualmente, mais altas que aquelas que foram anunciadas para a Estrada Circular de Maputo, para vigorar a partir de 1 de Fevereiro próximo. Entretanto, a diferença entre as taxas mínimas de portagem da África do Sul e de Moçambique, para viaturas ligeiras, é baixa.
Na região do município de Johanesburgo, a capital económica da África do Sul, existem três praças de portagens, sendo duas entre o centro da cidade e a região de Springs (cerca de 40 quilómetros, sobre a N12), nas quais se cobra uma taxa de ZAR 10 (dez randes), o equivalente a cerca de 42 meticais, ao câmbio de 4.2 meticais por cada unidade de ZAR.
Ainda dentro do município metropolitano de Johanesburgo, existe, na N1, concretamente na região de Grasmere, em direcção à Bloemfontein, uma portagem na qual se cobra a taxa de ZAR 13, o equivalente a cerca de 55 meticais.
Quanto à Zâmbia, existem quatro estradas com portagens para se sair de Lusaka, a capital, nomeadamente T2 (saída a sul), T2 (saída a norte), M9 (saída a oeste) e T4 (saída a este).
Para quem sai do centro de Lusaka em direcção ao extremo este existe uma portagem a 28 quilómetros, na qual se cobra 20 kwachas zambianos por cada passagem de uma viatura ligeira, o equivalente a cerca de 74 meticais, ao câmbio de 3,69 meticais por cada unidade de kwacha.
As portagens existentes nas saídas a sul e a norte localizam-se a pouco menos de 40 quilómetros do centro de Lusaka, cobrindo-se, nelas, igualmente, por cada passagem de uma viatura ligeira, o equivalente a perto de 74 meticais.
De referir que a Carta tinha, inicialmente, uma amostra de quatro países, mas um deles, o Malawi, teve que ser retirado, uma vez possuir uma única portagem, que foi introduzida no último trimestre de 2021. (Carta)