O advogado da família Armando Guebuza está a ser procurado pela Justiça. Alexandre Chivale devia ter sido ouvido ontem no tribunal que julga o caso das “dívidas ocultas”. Mas não compareceu. Ele havia começado o julgamento como advogado de alguns dos réus mais importantes, incluindo Ndambi Guebuza, o filho mais velho do ex-presidente Armando Guebuza, e António Carlos do Rosário, chefe de inteligência econômica do SISE.
Mas no dia 19 de outubro, Baptista ordenou que Chivale abandonasse o caso, sob a alegação de graves conflitos de interesse. A 23 de agosto, a procuradora Sheila Marrengla pediu ao juiz que tomasse providências contra Chivale por ser diretor da Txovela Investments, empresa efectivamente dirigida por Rosário que tem ligações estreitas com a Privinvest. Marrengula argumentou que o Txopela é um dos canais de distribuição de subornos da Privinvest.
Após a detenção de Rosário, foram apreendidos bens registados em seu nome, incluindo três apartamentos no centro de Maputo, dois escritórios e uma loja – mas, para grande desgosto da acusação, foram entregues à Txopela Investments, na qualidade de “depositário de boa fé”, apesar da estreitas relações com Rosário.
Para administrar o portfólio imobiliário de Rosário, Chivale criou outra empresa, a Dandula Investments, na qual detém 75% das ações. Ele também aproveitou a situação para ocupar um dos apartamentos (embora afirme possuir várias outras casas).
Em outubro, Baptista concordou com a acusação que era intolerável permitir que Txopela e Dandula continuassem a gerir as propriedades. Txopela, salientou, “é acusado de branqueamento de capitais, tendo esse dinheiro sido utilizado para comprar imóveis, incluindo o apartamento onde vive agora Alexandre Chivale”.
Chivale teve de entregar o apartamento e as chaves de todas as propriedades do Txopela. Baptista também afastou Chivale do caso por causa de seus conflitos de interesse. Assim, Rosário e Ndambi Guebuza tiveram de encontrar outro advogado para os representar.
Agora Chivale é procurado de volta ao tribunal – mas como testemunha, não como advogado, para testemunhar as atividades da Txopela Investments, da qual foi director. Um oficial de justiça tentou intimar Chivale, sem sucesso.
O oficial conseguiu falar com Chivale, que alegou estar de férias. Não disse onde estava, nem quando voltava. Ele também não deu ao tribunal seu endereço atual – desde que deixou o apartamento de Txopela, o tribunal não tem um endereço residencial para ele.
Ele também não deu ao tribunal seu endereço atual – desde que deixou o apartamento de Txopela, o tribunal não tem um endereço residencial para ele.
Baptista não tinha dúvidas de que Chivale evitava deliberadamente o oficial de justiça, para que não recebesse a intimação. Ele foi “completamente desrespeitoso com o tribunal”, embora “saiba que está cometendo um crime”.
Na noite de segunda-feira, Baptista avisou que, se Chivale não se apresentasse em tribunal na terça-feira, ordenaria a sua prisão. O juiz perenptório. Anunciou que ia multar Chivale em 50.000 meticais (781 dólares americanos, ao câmbio actual), e expediu um mandado de detenção para que compareça em tribunal como recluso. Ele também responderá a processo judicial pelo crime de desobediência. (AIM)