Os dias passam e os ataques terroristas em Cabo Delgado apresentam diferentes metamorfoses, uma vez que os terroristas se espalharam para diferentes locais, onde não há presença de militares nacionais e estrangeiros.
O facto é que a população dos distritos de Meluco e Nangade voltou a vivenciar o horror do terrorismo com queima de residências e assassinatos de civis, depois que as Forças Conjuntas da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e do Ruanda expulsaram os terroristas das suas bases em Macomia, Mocímboa da Praia, Muidumbe, Palma e Quissanga.
Esta situação de fugas e retaliações protagonizada pelos terroristas permitiu que as autoridades militares capturassem nos últimos dias, nas matas de Nangade e Macomia, alguns terroristas com um certo papel relevante no grupo dos mesmos, como Anfai Ceya, Zacarias Sumail, Ayuba Yassine, Selemane Nze, Sufo Maulana, Abudo Anfai, Amade Mohamed Dade e Mwalimu Anli Sualehe, este último apontado como responsável por orientar crianças a desobedecerem aos pais e a seguirem princípios extremistas.
De acordo com fontes militares, todos os capturados foram transferidos para o distrito de Mueda para interrogatórios. As revelações feitas por estes permitiram intensificar as operações das Forças Conjuntas em alguns locais, como é o caso do distrito de Mocímboa da Praia, onde foram vasculhadas mais de 3 mil casas e, por coincidência ou não, foi encontrado equipamento bélico e fardamento militar.
Aliás, o Ministro da Defesa Nacional (MDN), Cristóvão Chume, disse em entrevista aos órgãos de comunicação social que deveria haver cautela no processo de regresso das populações porque é importante que haja clarificação das zonas e com condições criadas. O facto é que os ataques terroristas em Cabo Delgado têm demonstrado que, nos distritos críticos, o processo de regresso não pode ser feito emocionalmente, havendo situações em que os terroristas atacam regiões pouco esperadas, como aconteceu há dias nas redondezas de Mueda e Nangade, acabando por criar problemas de trânsito no troço Negomano – Mueda.
Um outro dado relacionado com o terrorismo em Cabo Delgado tem a ver com o número de militares mortos e terroristas abatidos. A comunicação oficial das autoridades moçambicanas, entre os anos de 2019 até Julho de 2021, sempre apresentou números elevados de terroristas colocados fora de combate, mas o exército ruandês e a força dos países da SADC avançam que, desde que chegaram ao Teatro Operacional Norte (TON), terão sido abatidos cerca de 100 terroristas.
Um outro facto é que alguns populares do distrito de Muidumbe e das redondezas de Mueda estão a encontrar restos mortais de pessoas em fontes de água, havendo vezes em que aparecem corpos em avançado estado de decomposição em rios e cisternas. De referir que o Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou na última quarta-feira (12), em Lilongwe, Malawi, que as Forças Conjuntas capturaram várias bases dos terroristas em Cabo Delgado e que a missão da SADC vai até Abril do presente ano, com possibilidade de ser mais uma vez prorrogada. (OOmar)