A situação agravou-se nos últimos três meses, onde para além de longas distâncias que a população percorre, o preço do precioso líquido disparou sem precedentes, chegando um galão de 20 litros a custar entre 100 a 150 meticais. Em causa, está a incapacidade do sistema de abastecimento local em prover o precioso líquido.
A situação é caótica para as 137 mil pessoas deslocadas naquele distrito devido aos ataques terroristas, que dependem de quase tudo para a sua sobrevivência.
Anzane Momade, deslocado de Mocímboa da Praia, e responsável por cinco pessoas, disse que a crise de água em Mueda agudizou-se porque não chove nos últimos dias, aliás, a zona norte do país poderá não registar chuvas abundantes até Março, altura em que termina a época chuvosa em Moçambique.
"E para ter água é preciso comprar com aqueles que têm reservatórios nas suas casas e querem dinheiro que nós não temos, disse, explicando que a pouca água que consegue deve gerir da melhor forma possível.
Para a sua sobrevivência, Momade e a família necessitam pelo menos de 120 litros por dia, para beber, cozinhar, lavar e tomar banho, mas isso não acontece nos últimos dias.
Sadique Assane também assistiu ao drama de água em Mueda. Ele viajou na semana passada da cidade de Pemba à vila de Nangade, mas devido à falta de transporte, teve que pernoitar na vila de Mueda.
Sadique disse que o que assistiu em Mueda foi um movimento desusado de pessoas de diferentes idades, algumas de bicicletas, a movimentar-se com galões, de um lado para outro à procura de água.
"Até vale a pena em Nangade, recorremos às baixas da lagoa para tirar água", contou descrevendo a crítica situação de água no planalto de Mueda.
Citada pela Rádio Moçambique, a administradora de Mueda, Aina Combo, disse que, para além dos 137 mil deslocados, a crise de água também afecta 217.641 habitantes. Acrescentou que decorre um trabalho para resolver a situação, mas sem entrar em detalhes.(Carta)