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sexta-feira, 17 dezembro 2021 06:40

Nyusi não diz se Estado Geral da Nação é satisfatório ou não pelo sexto ano consecutivo

Começa a estar na moda o Chefe de Estado, Filipe Jacinto Nyusi, não dizer aos moçambicanos se o Estado Geral da Nação é satisfatório ou não. Depois de, em 2015 (no seu primeiro informe) ter admitido que “ainda não estamos satisfeitos com o Estado da Nação”, seguiram-se seis Informes, em que os moçambicanos não souberam se o Presidente da República estava ou não satisfeito com o rumo do país.

 

Ontem, no seu sétimo Informe sobre o Estado Geral da Nação, Filipe Nyusi qualificou o Estado Geral da Nação como de “auto-superação, reversão às tendências negativas e conquista da estabilidade económica” sem, no entanto, dizer se era bom ou mau.

 

“Num ano em que a única certeza que tínhamos era a incerteza, podemos afirmar com convicção e esperança que o Estado Geral da Nação é de auto-superação, reversão às tendências negativas e conquista da estabilidade económica”, disse o Chefe de Estado, quando concluía a leitura do documento.

 

Na verdade, trata-se de um tipo de avaliação que já se tornou viral no país. Em 2016, no seu segundo Informe, Nyusi disse: “a situação geral da nação mantém-se firme” e, em 2017, concluiu: “é desafiante, mas encorajador”. Já em 2018, o Presidente da República afirmou: “o Estado da Nação é estável e inspira confiança”.

 

Em 2019, último ano do seu primeiro mandato, Nyusi afirmou: “o Estado da Nação é de esperança e de um horizonte promissor” e, em 2020, no início do segundo mandato, defendeu: “o Estado da Nação é de resposta inovadora e de renovada esperança”. Ou seja, desde 2015 que o magistrado número um da nação não diz se o país está bom ou mau.

 

Segundo o Chefe de Estado, o ano de 2021 iniciou com grandes incertezas, sendo que as mesmas “foram agravadas por causa do terrorismo em Cabo Delgado e da insegurança na região centro e dos cíclicos desastres naturais que assolaram o país”.

 

Por isso, “decorridos 12 meses do ano civil que agora termina, podemos afirmar que os grandes resultados alcançados conferiram uma maior estabilidade e uma maior condição para a retoma do crescimento da economia”, defendeu, apontando o povo moçambicano como o principal responsável por estas “grandes conquistas”.

 

Nove factores contribuíram para as conclusões de Filipe Nyusi

 

Num Informe lido em 3 horas e 26 minutos (começou às 10:12 horas e terminou às 13:38 horas), o Presidente da República apontou nove factores que influenciaram a sua avaliação, nomeadamente, o combate ao terrorismo, controlo da Covid-19, combate à fome, acesso à água potável, energia eléctrica, educação, consolidação da economia, acesso ao emprego e construção de infra-estruturas.

 

De acordo com Filipe Nyusi, no combate ao terrorismo, registou-se uma redução de vítimas, assim como de frequência de ataques terroristas. Revela que, em 2021, foram registados 52 ataques, contra 160 ocorridos no ano anterior. “Em 2022 iremos prosseguir com o treinamento das forças especiais, reequipamento e modernização das Forças de Defesa e Segurança e procederemos à ocupação extensiva dos distritos e continuaremos a assegurar a cooperação militar internacional”, avançou.

 

Já no controlo da Covid-19, refere que o Governo conseguiu controlar a propagação do novo coronavírus, tal como reduziu os internamentos e os óbitos. “Iniciamos o processo de vacinação massiva e, em 2022, continuaremos com a monitoria e a vacinar toda a população considerada grupo-alvo”, assegurou o estadista.

 

“No combate à fome, verificou-se o aumento de agregados familiares com reservas alimentares, de 32%, em 2020, para 56% em 2021 (…); mais de 3 milhões de moçambicanos passaram a ter acesso à alimentação adequada, comparativamente ao período de 2016 a 2020, em que o número de pessoas com alimentação inadequada se manteve em cerca de 12 milhões”, afirmou Nyusi, citando os questionáveis dados do SETSAN (Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional).

 

Em relação ao acesso à água potável, Filipe Nyusi disse ter-se registado um aumento de 64% em 2020 para 73% em 2021, a percentagem de agregados familiares com acesso a fontes seguras de abastecimento de água, sendo que, em 2022, projecta-se aumentar a cobertura de água para as zonas rurais até 54% e 84.4% para as zonas urbanas.

 

Assegurou ainda que a taxa de energia, em 2020, foi de 38% e, em finais de 2021, será de 44% e que, no próximo ano, atingirá 50% da população moçambicana. Ou seja, a cada ano regista-se um crescimento de 6%. Na educação, revelou que a taxa de analfabetismo saiu de 44%, estando hoje nos 39.9% e que, em 2022, deverá atingir 31%.

 

Início da retoma económica

 

Segundo o Chefe de Estado, 2021 pode ter marcado o início da retoma económica, depois de, em 2020, o país ter tido um desempenho económico negativo, devido à pandemia da Covid-19. “Na consolidação da economia, registamos um crescimento no PIB de 1,7% contra o crescimento negativo de 2020 que foi de -1.8%. Estes dados sugerem o início da retoma económica e o controlo da inflação abaixo de 7%. Para 2022, podemos projectar um crescimento entre 2.6% e 5.3%, no pressuposto de assegurarmos a estabilidade conquistada no segundo semestre deste ano e, se assim for, podemos projectar um crescimento superior a 7% em 2023”, rematou.

 

O acesso ao emprego também deixa o Chefe de Estado animado. Defende que, até Setembro último, a Secretaria de Estado da Juventude e Emprego tinha criado 230 mil novos postos de trabalho, contra os 30 mil empregos perdidos. Já em 2020 tinha criado 253 mil novos empregos, enquanto outros 90 mil eram dados como perdidos. Porém, em 2022, pretende criar mais 272 mil postos de trabalho.

 

“O meu governo, juntamente com os moçambicanos, tudo fará para reverter o cenário de destruição do tecido económico. Os dados apresentados atestam a tendência de crescimento da nossa economia. Continuaremos empenhados na manutenção da segurança e da nossa soberania, na consolidação da paz e reconciliação nacional, promoção da unidade nacional e o desenvolvimento sócio-económico do nosso país”, garantiu Nyusi. (A.M.)

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