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sexta-feira, 15 outubro 2021 06:45

Missão da SADC admite que ameaça terrorista é iminente em Nampula e Niassa

A Missão da SADC em Moçambique (SAMIM) reconheceu, esta quinta-feira, ser iminente a ameaça terrorista nas províncias do Niassa e Nampula, no norte de Moçambique. O alerta foi dado numa conferência de imprensa, concedida pelo Chefe da Missão, Mpho Molomo, no âmbito da Cimeira Extraordinária dos Chefes de Estado e de Governo da Troika do Órgão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) mais Moçambique, que teve lugar no último dia 5 de Outubro na capital sul-africana, Pretória.

 

Segundo Molomo, os resultados operativos conseguidos pela Força em Estado de Alerta da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) e pelas forças conjuntas do Ruanda e Moçambique fizeram com que alguns terroristas se refugiassem na vizinha República da Tanzânia e nas províncias do Niassa e Nampula, facto que torna a ameaça terrorista permanente nestes pontos. Acredita-se haver alguns que se tenham escondido nas ilhas do Arquipélago das Quirimbas.

 

Aos jornalistas, Molomo não explicou o que está a ser feito para evitar o alastramento dos ataques terroristas nestas províncias, mas garantiu que a Missão está a fazer de tudo para que os locais já recuperados não voltem a cair nas mãos dos terroristas. Aliás, garantiu que a Missão da SADC continuará com as suas actividades até que haja certeza de que o país está seguro e livre do terrorismo.

 

Refira-se que os alertas sobre a ameaça terrorista nas províncias de Nampula e Niassa não são novos. Em Março último, o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) defendeu, numa publicação científica, a inclusão das províncias de Nampula e Niassa no programa de combate ao extremismo violento, que se verifica há quatro anos na província de Cabo Delgado.

 

De acordo com a organização, a insurgência tem ramificações geográficas complexas, por intermédio da instalação de células religiosas de tendência radical e mecanismos de recrutamento fora da província de Cabo Delgado, com destaque para as províncias de Nampula e Niassa, onde o grupo terrorista explora as diferentes dinâmicas sociais, económicas, políticas e religiosas locais para efeitos de recrutamento. Aliás, o IESE revela que a província de Nampula registou, em Março de 2017, a presença da seita Al Shabaab, responsável pelos ataques terroristas em Cabo Delgado.

 

Vinte terroristas mortos e cinco capturados em quase dois meses de operação

 

Segundo o Chefe da Missão da SADC em Moçambique, desde o início das suas intervenções, a Força em Estado de Alerta já abateu 20 terroristas e conseguiu capturar apenas cinco, para além de ter destruído algumas bases do inimigo e de ter apreendido algumas armas (ligeiras e pesadas), computadores, meios de comunicação e uma enorme quantidade de livros e revistas, que contêm as suas estratégias operacionais.

 

“Os nossos colegas no terreno estão a estudar estes documentos para se saber quem são, de onde vêm e de onde vem a sua base de apoio, e acreditamos que este estudo vai ajudar-nos a continuar com as nossas operações”, explicou Molomo, sublinhando que os terroristas capturados já foram entregues às autoridades moçambicanas.

 

Molomo garante que, nas suas operações, os militares da SADC têm respeitado os direitos humanos, pois, são disciplinados e profissionais. Assegura que todos são conhecedores das leis internacionais, pelo que, não há motivos de preocupação.

 

Missão continua com o mesmo número de países

 

Embora a missão da SADC seja custeada pela tesouraria de cada país de origem da força, o Chefe da Missão da SADC garantiu que a Força em Estado de Alerta da organização continuará em Cabo Delgado com mesmo número de países. Refira-se que, para além da tropa moçambicana, a Missão inclui militares da África do Sul, Angola, Botswana, Lesotho e Tanzânia.

 

“Sim, a missão tem custos para todos Estados-membros. A SADC está a implementar todas medidas possíveis para garantir que as tropas são cuidadas no terreno. A SADC é uma organização forte e está disposta em ajudar Moçambique na manutenção da paz e integridade territorial. Por isso, nenhum país irá desistir”, rematou Molomo.

 

Lembre-se que na reunião havida em Pretória, no passado dia 5 de Outubro, os Chefes de Estado e de Governo da Troika do Órgão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) mais Moçambique decidiram estender o prazo da Missão por mais três meses, o que significa que os soldados da SADC estarão nas matas de Cabo Delgado até Janeiro de 2022. Refira-se que, oficialmente, a Missão da SADC começou o seu desdobramento, em Cabo Delgado, a 15 de Julho último, porém, só a 9 de Agosto é que Filipe Nyusi fez o lançamento.

 

Molomo garante que a SADC tudo está a fazer para que não haja problemas logísticos na tropa destacada para Cabo Delgado. Assegura também estar tudo acautelado para que não haja “fogo cruzado” entre as tropas da SADC e do Ruanda.

 

Segundo Molomo, a SADC estendeu o prazo como forma de controlar as movimentações dos terroristas, visto que os “cabecilhas” do grupo, nomeadamente, Bonomado Omar e Sheik Hassan, movimentaram-se para a região sul do rio Messalo, zona operacional das forças da SADC, após serem desalojados da sua base central, localizada em Mbau, distrito de Mocímboa da Praia, pela força ruandesa.

 

Salientar que, em quase dois meses de operações, três militares já perderam a vida em Cabo Delgado, dos quais, dois tanzanianos e um tswana. (A. Maolela)

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