A vida na aldeia onde residia Fátima Bacar, natural do distrito de Macomia, seguia tranquilamente, com a população a dedicar-se à agricultura, mesmo havendo ataques terroristas esporádicos. Porém, tudo mudou após o ataque terrorista à vila-sede de Macomia, que obrigou a anciã de 100 anos de idade a percorrer mais de 45 Km a pé, em busca de local de abrigo.
Mesmo com problemas de vista, Fátima Bacar conseguiu caminhar pelo interior da mata de Nambo até Mucojo, de onde foi resgatada para cidade de Pemba, onde se encontra a residir no meio do nada, no bairro de Mahate.
Fátima Bacar conta que tinha sete filhos, porém, perdeu cinco, tendo ficado apenas com duas meninas. Revela que caminhou cinco dias debaixo do sol e entregue à sua sorte, pois, dormiam no mato, o primeiro local de abrigo das vítimas do terrorismo. Garante que entre os terroristas, havia quatro jovens naturais da sua aldeia, que ordenavam a população a abandonar a aldeia.
À “Carta”, Fátima Bacar assegurou que nenhum familiar perdeu a vida, porém, há algumas pessoas que foram raptadas, não sabendo, até hoje, do seu paradeiro. Disse também ter perdido alguns vizinhos e amigos.
Com o avanço das tropas ruandesas e da SADC no terreno, “Carta” quis saber se a anciã desejava regressar à casa, tendo respondido que não pretende voltar à Macomia. “Aquelas imagens continuam vivas na minha memória e não tenho fé se esta guerra vai terminar tão já”, sentenciou. (Omardine Omar)