O presidente Ashraf Ghani abandonou hoje o Afeganistão, segundo informações avançadas pelo ex-vice-presidente do país Abdullah Abdullah e por dois responsáveis das autoridades afegãs.
A agência France-Presse AFP noticiou que Ghani saiu do país citando o antigo vice-presidente Abdullah Abdullah, tendo esta informação sido corroborada à Associated Press (AP), sob anonimato, por dois responsáveis afegãos, um deles membro do gabinete do ex-presidente Hamid Karzai e o outro um assessor do conselho de segurança afegão.
"O ex-presidente afegão deixou o país", disse Abdullah, que é também o chefe do Conselho Superior para a Reconciliação Nacional, num vídeo publicado na rede social Facebook.
Segundo a AP, Ghani abandonou o país acompanhado do seu Conselheiro de Segurança Nacional, Hamdullah Mohib, e de um outro responsável próximo. Não é ainda certo para onde terão ido.
Entretanto, os talibãs anunciaram que chegarão a Cabul esta noite, após terem alcançado hoje os arredores da cidade, numa ofensiva em que se apoderaram da maioria das capitais provinciais do país.
A situação é de pânico na capital, com as autoridades afegãs a pedir a todos os funcionários públicos que deixem os seus empregos e regressem a casa, enquanto lojas e bancos estão fechados, com o trânsito paralisado por grandes engarrafamentos de trânsito.
Um porta-voz do movimento dos talibãs disse hoje à BBC que este pretende assumir o poder no Afeganistão "nos próximos dias" através de uma transição "pacífica".
"Nos próximos dias queremos uma transferência pacífica" de poder, disse Suhail Shaheen, porta-voz de um grupo envolvido nas negociações, baseado no Qatar.
Suhail Shaheen delineou os planos políticos dos talibãs para um regresso do movimento islâmico radical ao poder, 20 anos após ter sido expulso pelas forças internacionais na sequência dos ataques de 11 de setembro.
"Queremos um governo islâmico inclusivo, o que significa que todos os afegãos estarão representados neste governo", assegurou Suhail Shaheen.
“Falaremos disso no futuro, quando a transição pacífica tiver acontecido”, acrescentou.
O ministro do Interior afegão, Abdul Sattar Mirzakwal, assegurou numa mensagem televisiva que não haverá ataque em Cabul e que a transição de poder será feita pacificamente, de acordo com o canal local Tolo, e também garantiu à população que será protegida pelas forças de segurança.
A NATO veio já defender que uma solução política para o conflito no Afeganistão é "mais urgente que nunca".
Segundo uma fonte da organização, citada pelas agências internacionais, a Aliança Atlântica apoia os esforços afegãos para "encontrar uma solução política para o conflito, que é agora mais urgente do que nunca" e manterá a sua presença diplomática em Cabul, que ajustará "conforme necessário".
"A NATO está a avaliar a evolução da situação no Afeganistão numa base contínua. Estamos a ajudar a manter as operações no aeroporto de Cabul para manter o Afeganistão ligado ao resto do mundo", salientou a fonte, acrescentando que "a segurança do pessoal [da organização] é primordial".(Lusa)