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segunda-feira, 26 julho 2021 06:47

Combate ao terrorismo: “Ninguém pediu uma recompensa a Moçambique” – garante Filipe Nyusi

“Ninguém pediu uma recompensa a Moçambique por estar a apoiar a salvação de vidas dos moçambicanos. Pelo menos eu ou o meu governo não tem nenhum conhecimento.” Esta foi a garantia deixada na noite de ontem pelo Presidente da República, em relação às dúvidas que reinam sobre a factura a ser paga à tropa ruandesa, que se encontra na província de Cabo Delgado, desde o passado dia 09 de Julho, para ajudar as Forças de Defesa e Segurança (FDS) no combate aos ataques terroristas naquela província do norte do país.

 

Naquela que foi a sua primeira comunicação à nação em torno dos ataques terroristas que se verificam em alguns distritos da província de Cabo Delgado, desde 05 de Outubro de 2017, Filipe Jacinto Nyusi afirmou que a força ruandesa está em Moçambique, ao abrigo do acordo bilateral entre os dois países, enquanto a força da SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) tem enquadramento jurídico no Tratado Pacto da Defesa Mútua da região e no protocolo de cooperação nas áreas de política, defesa e segurança.

 

“A participação do Ruanda enquadra-se no princípio de solidariedade para uma causa nobre e comum, por isso não tem preço, pois, trata-se de salvar vidas humanas, evitar decapitação de pessoas em Cabo Delgado e destruição bens e infra-estruturas públicas e privadas”, explicou, defendendo que, pelo contrário, os moçambicanos devem saudar “aqueles que se juntam a nós para erradicar o terrorismo”.

 

Nyusi sustenta a sua afirmação com o facto de Moçambique também ter prestado apoio a países como Burundi, Zimbabwe, Tanzânia, Uganda, Timor-Leste e África do Sul sem ganhar nada em troca.

 

Segundo o Chefe de Estado, o mandato das forças estrangeiras é de ajudar as FDS a restaurar a segurança, tranquilidade e permitir a retoma da normalidade, pelo que a sua actuação no terreno obedecerá a preceitos preconizados em instrumentos próprios, no âmbito de uma estrutura de combate, previamente aprovada, para além de que o nosso país estará na vanguarda e direcção estratégica das operações.

 

“A referida estrutura de comando garante que não haja confrontos, atritos e nem desarticulação entre nossas forças e estrangeiras. Salvaguarda também que não haja atritos entre as diferentes forças internacionais, que se possam vir a empenhar no nosso país. Está absolutamente claro que os moçambicanos estarão na vanguarda e direcção estratégica das operações por conhecerem melhor o terreno, contexto e serem os mais interessados na restauração da estabilidade em Moçambique.”

 

Por essa razão, o Presidente da República entende não haver razões para se recear a presença e intervenção das tropas estrangeiras, até porque nenhum país no mundo está em condições de combater (sozinho) o terrorismo.

 

“Não devemos temer este apoio, não devemos recear a presença de tropas de outros países. Devíamos, sim, ter medo de estarmos sozinhos, enfrentando os terroristas. Nenhum país do mundo é capaz de ser auto-suficiente na luta contra o terrorismo. Não há”, assegurou Nyusi, jurando que desde cedo percebeu que o combate aos ataques terroristas devia contar com a conjugação de esforços e sinergias de parceiros bilaterais e multilaterais com experiência em lidar com o fenómeno.

 

Lembre-se que um conjunto de mil homens ruandeses, entre militares e agentes da Polícia, estão em Cabo Delgado, desde 09 de Julho passado, com o objectivo de combater os ataques terroristas. Já a força da SADC é aguardada a qualquer momento, sendo que, a equipa de avanço já se encontra em Cabo Delgado.

 

Refira-se que os ataques terroristas já causaram a morte de mais de duas mil pessoas e provocaram mais de 800 mil deslocados, para além da destruição de diversas infra-estruturas públicas e privadas. (A.M.)

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