A Polícia da República de Moçambique (PRM) mostra-se preocupada com a constante circulação de máquinas de barbear da marca Al-Shabaab, cuja proveniência ainda é desconhecida, embora a sua comercialização já tenha atingido três províncias, nomeadamente, Cabo Delgado, Maputo Cidade e Manica.

Numa nota de Instrução, datada de 22 de Junho de 2021, com nº 13/CGPRM/GCG/2021, o Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael, ordenou os Comandantes Provinciais e das Unidades de Operações Especiais da Polícia “a realizar actividades de recolha, análise e tratamento de informações relacionadas com as máquinas de barbear de marca Al-Shabaab e outros materiais associados a acções propagandistas do grupo terrorista”.

Instruiu ainda a Polícia a “reforçar o controlo da circulação de mercadorias em coordenação com as autoridades aduaneiras nos postos de controlo”, assim como “reforçar a vigilância e patrulhamento nas cidades, vilas e aldeias, visando desarticular e combater quaisquer fenómenos adversos e atentatórios à ordem e segurança públicas e melhorar o posicionamento táctico-operativo das forças no terreno”.

Ao que “Carta” apurou, desde o ano de 2020 que alguns mercados municipais da cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, têm comercializado máquinas de barbear da marca Al-Shabaab. Em 2021, o produto começou a ser vendido na cidade de Maputo e agora é comercializado na província de Manica.

Na capital do país, por exemplo, os agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) e da Polícia da República de Moçambique (PRM) detiveram, há dias, uma cidadã nigeriana, que vendia as referidas máquinas no Mercado Municipal de Xipamanine.

As referidas máquinas de barbear, cuja proveniência ainda é desconhecida por parte das autoridades aduaneiras, estão a ser associadas a uma possível propaganda do grupo terrorista, que continua a semear luto e terror em alguns distritos da província de Cabo Delgado. O grupo é conhecido localmente como Al-Shabaab.

Na nota de Instrução, Bernardino Rafael lembra que, nos últimos dias, unidades policiais têm sido atacadas em alguns distritos das províncias de Tete e Nampula, por pequenos grupos de pessoas que se fazem passar por vítimas para acederem ao interior daqueles locais. O modus operandi, diz a fonte, é idêntico ao usado pelos insurgentes, no início dos ataques terroristas, no passado dia 05 de Outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia. (O.O.)