Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

sexta-feira, 22 janeiro 2021 17:51

Carta ao Leitor ||| A morte no trânsito ou a medicina da catástrofe

O Ministério da Saúde fez ontem um golpe de charme. Abriu, para a televisão, a enfermaria de trânsito para pacientes da Covid 19 no Hospital Central de Maputo, mostrando que, finalmente, a coisa já estava preta de mais: a vida acaba agora no trânsito.

 

Mas a sobrelotação da enfermaria não aconteceu ontem. Já na quarta feira, “Carta” recebera essa triste informação de profissionais agastados e aborrecidos com a forma como as direções relevantes do Ministério da Saúde comunicavam nos “media”, tentando dar, a todo o custo, ares de quem estava ainda com capacidade para lidar com a crescente onda de infecções – na linha do habitual faz de conta do Governo. O certo é que a capacidade da enfermaria (e de todo o sistema) já estava esgotada, apesar da boa vontade e abnegação dos profissionais da Saúde.

 

O significado imediato da sobrelotação da enfermaria de trânsito é óbvio: o Centro de Saúde da Polana, a unidade preparada para internar doentes de Covid já está superlotada. Mas a mensagem que passou na TV  carregava nas entrelinhas a suposição de que, mais do que falta de capacidade, a sociedade é que deve se cuidar melhor. Correto! Mas o sistema também devia ter-se preparado uma maneira mais eficiente de responder a este pico da curva de infecções, que é previsível desde Maio do ano passado.

 

E a solução para a actual crise ainda não foi dada. O Governo está mudo e quedo. Vai importar mais cama? Quantas?

 

E MISAU transformou a enfermaria de trânsito em internamento. Mas só é admitido quem estiver visivelmente grave. A capacidade é limitada. Se houver muitos graves visíveis, implanta-se a medicina de catástrofe, como já sugeriu o D Ussene Isse. A morte no trânsito...

 

PS 1:Enquanto isso, para além das cobranças chorudas, o ICOR está a sendo acusado de remover doentes de ventilador para colocar ou “camaradas” ou quem tem dinheiro vivo. Quem tem plano de Saúde, que se lixe.

 

PS 2: E a “boa nova” à maneira moçambicana: já estão a chegar doses da vacina da AstraZeneca a Moçambique. Uma dose poderá ascender os 40 USD. (Marcelo Mosse)

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