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BCI
quinta-feira, 31 dezembro 2020 06:22

O "faraó" do EPPM

É um ambiente de cortar à faca entre os reclusos, funcionários e o Comandante penitenciário do Estabelecimento Penitenciário Provincial de Maputo (EPPM) – a antiga Cadeia Central. De fontes internas, "Carta" apurou que os desmandos protagonizados pelo Comandante Reginaldo Samuel tendem a aumentar.
Entre os tais desmandos destaca-se a corrupção interna, as agressões a reclusos, ameaças ou intimidações aos funcionários e chefes de sectores daquele estabelecimento penitenciário.

 

A situação, conforme revelaram as fontes à nossa reportagem, instalou um clima de disfuncionalidade da instituição, havendo ameaças de que certos reclusos possam ser enviados para o Estabelecimento Provincial de Máxima Segurança (EPMS) vulgo B.O. Tudo se agravou quando, no passado dia 23 de Dezembro, "Carta" publicou uma notícia intitulada "as vontades do comandante e os direitos gorados dos reclusos no EPPM".

 

Segundo fontes internas, imediatamente a seguir, o Comandante intensificou a caça às bruxas, sendo as lideranças dos blocos e de sectores vitais do dia-a-dia no EPPM e funcionários locais, os principais alvos.

 

As fontes explicaram que, dos 149 reclusos oficialmente previstos para se beneficiarem do indulto presidencial, apenas alguns é que foram “premiados”, numa cerimónia dirigida esta quarta-feira pelo Vice Ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos (MJACR), Filimão Suaze. Conforme revelaram as fontes, os processos dos outros reclusos foram escondidos, alegadamente, pelo Comandante que coordena e operacionaliza a parte técnica daquele estabelecimento penitenciário.

 

De acordo com as fontes, as acções do comandante (sendo uma delas enviar para a B.O todos os chefes internos) podem desencadear uma nova onda de greves de fome e possíveis fugas, uma vez que estes são pessoas chave no controlo dos reclusos. As fontes revelaram que existem casos de reclusos que cumpriram suas penas na plenitude e com mandado de soltura emitido pelo Tribunal, mas que acabam permanecendo naquele estabelecimento por dois a quatro meses a mais sem nenhuma explicação.

 

Um outro aspecto retratado pelas fontes tem a ver com a cobrança de valores aos chefes das brigadas. Em caso de a pessoa não cooperar é ameaçada de ser levada para a B.O. Entretanto, o plano não tem dado certo com as constantes recusas do Director-Geral que não se deixa corromper. (Carta) 

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