Os partidos políticos com assento na Assembleia da República (AR) já escolheram, finalmente, os seus representantes na Comissão Nacional de Eleições (CNE). E como se previa, decidiram mexer nas peças do tabuleiro, indicando, para o órgão, novas figuras, que, aliás, serão ouvidas esta sexta-feira, pela Primeira Comissão, a dos Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade da AR.
Concretamente, em representação dos partidos políticos, dos 10 assentos a que têm direito no órgão, entram cinco caras novas, sendo duas pela Frelimo e outras três pela Renamo. Os restantes cinco assentos representam a “continuidade”. Dos que continuam, o realce vai para Fernando Mazanga e Barnabé Nkomo. Na porta da saída estão António Chipanga e Meque Brás.
Carlos Alberto Cauio é o nome que se destaca na lista a que tivemos acesso, isto no que respeita às caras novas que tomaram parte do órgão. Carlos Cauio, antigo bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM), é aposta do partido Frelimo.
Na verdade, a Frelimo apenas introduziu duas caras novas e manteve as escolhas anteriores. Para além de Carlos Cauio, indicou também António Focas Muavilo. No entanto, voltou a apostar em Rodrigues Timba, Abílio Diruai, Eugénia Chipene.
António Chipanga e António Muacurica são as duas personalidades descartadas pelo partido no poder.
O maior partido da oposição, a Renamo, operou, praticamente, uma mexida de fundo. Escolheu três novas caras, das quatro a que tem direito à luz do princípio da representatividade parlamentar. Trata-se da antiga deputada Anastácia da Costa Xavier, de António Baessa da Fonseca e do advogado Alberto Sabe. Alberto Sabe foi defensor oficioso do brigadeiro e actual deputado da Renamo, Elias Dhlakama, irmão mais novo do falecido líder histórico do partido, Afonso Dhlakama.
Fernando Mazanga, antigo porta-voz da Renamo, é o único sobrevivente do anterior elenco. Foram preteridos o actual segundo vice-presidente da CNE, Meque Brás, Latino Ligonha e Celestino Cruz.
Entretanto, é de salientar que o processo que culminou com a selecção das novas figuras para CNE, no seio da Renamo, esteve longe de colher consensos a nível daquela organização político-partidária.
Aliás, na praça já se apontavam dois quadros de topo do partido, nomeadamente, o deputado Saimon Macuiane e o antigo deputado Mohamad Yassine, como sendo os próximos a integrar o órgão. A troca de “peças”, soube o nosso jornal, fez subir de tom a crítica à volta da liderança de Ossufo Momade, que também enfrenta a contestação da auto-proclamada Junta Militar, liderada por Mariano Nhongo.
Por outro lado, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) optou por não proceder com qualquer alteração. Ou seja, manteve Barnabé Nkomo. O partido liderado por Daviz Simango apenas pode indicar um membro para órgão de gestão dos processos eleitorais.
A Comissão Nacional de Eleições é constituída por 17 membros, dos quais sete são provenientes da sociedade civil legalmente constituída e 10 dos partidos políticos com assento no parlamento, sendo cinco da Frelimo, quatro da Renamo e um do MDM. (Ilódio Bata)