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Exatamente um ano depois de ter sido reaberto, o Bloco Operatório do Hospital Central da Beira, danificado pelo ciclone IDAI, apresenta uma imagem desoladora. Quanto chove, jorra água, a cântaros. Um tecto altamente poroso. Mas, justamente, o tecto foi um dos alvos de uma intervenção recente, para além da instalação elétrica e o piso.
Depois do ciclone IDAI, a reabilitação esteve a cargo da Health4Moz, uma organização não governamental portuguesa dirigida por Carla Rêgo, que adjudicou a obra, em ajuste directo, à empresa de capitais portugueses Constrol, do Grupo TCO.
As obras começaram em Maio de 2019, com a reconstrução do Bloco Cirúrgico, Imagiologia e Serviço de Sangue, num plano definido com a administração do HCB. Um ano depois, a Bloco Operatório está naquela condição desastrosa. Um vídeo amador circulou, viral, nas redes sociais, mostrando água jorrando pelo tecto num dia de grande chuva.
“Carta” foi buscar explicações. Carla Rêgo, que dirige a Health4Moz, vive e trabalha em Portugal. Ela não quis falar à “Carta”, apontando razões éticas. Prometeu partilhar um relatório sobre o caso, mas depois recuou. O relatório só iria para a vice-ministra moçambicana da Saúde. Ela remeteu-nos à Constrol.
Fonte desta empresa, que não se quis identificar, disse à “Carta” que a infiltração que se deu recentemente no Bloco Operatório teve a ver com uma obstrução nas caleiras, designadamente devido à falta de limpeza. A fonte foi muito parca em palavras. A Constrol esteve a fazer um levantamento na semana passada, mas não deixou claro se haverá uma intervenção no recinto, para além do atirar de culpas ao sector de manutenção do HCB. Os fundos gastos pela Health4Moz nas obras do HCB foram colectados através de um movimento denominado "Unidos pela Beira”.
A Constrol é uma empresa de aluguer de equipamentos pesados, mas também detém alvarás para a construção de estradas, pontes e outro tipo de projetos afetos à construção civil. A Health4MOZ é uma associação sem fins lucrativos de direito português, com estatuto de Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento (ONGD), criada em maio de 2013. (Carta)
