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Quem o conhece não tem dúvidas e sabe muito bem do que ele é capaz. A Frelimo, o partido no qual milita, anda sempre precavido e atento quando Pio Matos, governador da Zambézia, fala ao público.
Na semana finda, no fim da Sessão Ordinária da Assembleia Provincial da Zambézia (APZ), Pio deixou alguns recados em torno da descentralização, sobretudo nesta altura em que o poder dos eleitos foi diluído por força da Lei. Sem pestanejar, o governador aproveitou-se da ocasião para soltar alguns recados em direcção ao poder central, que “cortou” pernas aos governadores de Província.
Na ocasião, Pio Matos foi bem claro ao afirmar: “Nós os zambezianos queremos ser os donos do poder”. Na plenária da APZ foram rasgados vários aplausos, sobretudo da bancada da Renamo, enquanto do lado da Frelimo ouviram-se apenas murmúrios.
O governador disse que o poder descentralizado significa entregar a quem foi eleito que o seu verdadeiro poder. “Não se pode falar de descentralização quando se depende de Maputo, isso não é descentralização, desabafou.
“A esperança do futuro”
O cansaço do governador é notável mesmo antes de fazer um ano no cargo. Os mais cépticos dizem que temem que Pio volte a ficar novamente doente e abandone o cargo antes do fim do mandato. Mas não é isso que o governante sente. Para ele, ainda há esperança porque, segundo fez saber, o governo central está preparar uma Lei que será submetida à Assembleia da República (AR), a qual poderá redefinir quais as competências do governador provincial.
“Temos fé que a Lei que o governo está preparar vai definir o que compete ao governo central e ao governo provincial”, disse, para depois acrescentar que “os nossos deputados estão cientes disso e acredito que vão fazer o trabalho”. Conforme ficou visível, a bancada da Frelimo foi apanhada de surpresa com a abordagem de Matos. Ninguém esperava tantos recados assim vindos do governador que saiu da sua lista eleitoral. Por isso, quase que não houve palmas. (Diário da Zambézia, 21.09.2020, editado)
